A Sanepar está preparando uma estratégia para mudar o perfil das ações negociadas na Bolsa de Valores. A companhia de saneamento anunciou que pretende vender Units, que combina ações dos tipos preferencial e ordinária. A iniciativa deve resultar em mais dinheiro para o caixa do governo estadual: estimativas de técnicos consultados pela Gazeta do Povo indicam que mais de R$ 500 milhões podem ser arrecadados. Desde publicação do chamado fato relevante, no final de outubro, a empresa está no chamado período de silêncio, em que não comenta qualquer assunto que possa impactar seu valor de mercado.
O secretário de Fazenda, Mauro Ricardo Costa, não comenta diretamente sobre a venda de ações da Sanepar, mas quando questionado sobre iniciativas para o reforço de caixa, ele argumenta que o governo tem tomado uma série de medidas para fazer ajustes financeiros e garantir mais recursos para investimentos. “Vamos trocar ativos. Um pelo outro”, diz.
Ele explica que o dinheiro vindo da venda será destinado para obras, principalmente em rodovias. Para 2018, o governo do Paraná está projetando R$ 8 bilhões em investimentos. Mauro Ricardo não fala em valores vindos da Sanepar, mas afirma que a proposta orçamentária enviada para a Assembleia Legislativa prevê R$ 1,5 bilhão em trocas de ativos. Ele alega ainda que a situação financeira do Paraná “é a melhor do país” por causa de uma série de ajustes que começaram a ser feitos em 2014 e que não pararam desde então.
Leia também: Sanepar fará projetos ambientais para quitar multas (e com desconto)
Para entender a questão
Mas, afinal, o que são Units e o que está em jogo com a venda das ações? Atualmente o governo estadual tem 89,9% das ações ordinárias – aquelas com direito a voto nas decisões da empresa. E pode se desfazer de ativos até chegar a 60%, já que a legislação determina que o controle acionário continue nas mãos do Estado. Ao preço praticado nos últimos dias, as ações que podem ser vendidas renderiam meio bilhão de Reais.
Mas a previsão é de que o valor suba. É o que conta Adeodato Volpi Neto, estrategista-chefe da Eleven Financial, que monitora a movimentação de mercado da Sanepar. Até recentemente as ações da companhia encontravam resistência na Bolsa: tinham baixa liquidez (não havia muita procura e os preços não variavam muito). A situação complicou depois que a empresa, no ano passado, emitiu mais ações. Outro fator que influenciou foi a decisão da agência reguladora, a Agepar, que escalonou a revisão tarifária em oito anos – e não em quatro, como o mercado previa.
Leia também: “Queridinha” de Richa nos anúncios de verbas, Sanepar investiu menos em 2017
Para se tornar mais atrativa para os investidores, a Sanepar decidiu formar Units, estratégia já usada por outras empresas, como Klabin, Via Varejo (Casas Bahia e Ponto Frio) e os bancos BTG e Santander. No caso da Sanepar, cada Unit será formada por um conjunto de cinco ações, sendo quatro preferenciais (que dão direito a dividendos, mas não a votos) e uma ordinária (com direito a voto). A composição vem acompanhada de uma série de compromissos anunciados ao mercado na tentativa de se apresentar como uma empresa com melhores práticas corporativas. Uma delas dá direito a veto aos preferencialistas. Ou seja, quem comprar ações do tipo preferencial, mesmo não tendo direito a voto, terá a possibilidade de se posicionar contra decisões que prejudiquem a rentabilidade da empresa.
Boicote do agro ameaça abastecimento do Carrefour; bares e restaurantes aderem ao protesto
Cidade dos ricos visitada por Elon Musk no Brasil aposta em locações residenciais
Doações dos EUA para o Fundo Amazônia frustram expectativas e afetam política ambiental de Lula
Painéis solares no telhado: distribuidoras recusam conexão de 25% dos novos sistemas
Deixe sua opinião