A discordância sobre a nomeação do futuro presidente das Centrais de Abastecimento do Paraná (Ceasa) fez com que cerca de 140 entidades assistenciais ficassem sem receber doações de hortifrutigranjeiros. Com a troca da gestão no governo estadual – com a saída de Beto Richa em abril e a posse de Cida Borghetti –, alguns cargos de indicação política foram substituídos. Para a Ceasa, foi anunciado Vilson Goinski, no lugar de Natalino Avance de Souza, o que gerou uma briga política.
A indicação desagradou ao Sindicato dos Permissionários do Ceasa, que alega não ter sido consultado sobre a nomeação. Para Paulo Salesbram, presidente da entidade sindical, um cargo técnico está sendo alvo de barganha política. Ele afirma que o presidente anterior é engenheiro agrônomo e funcionário de carreira da Emater, enquanto que o indicado não teria nenhuma afinidade com a área.
Advogado e ex-prefeito de Almirante Tamandaré, Goinski foi anunciado no cargo no final de abril, mas assumiria depois da reunião do conselho de administração da Ceasa, marcada para esta quarta-feira (23).
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O sindicato dos atacadistas, que conta com 310 vendedores na unidade de Curitiba, reagiu de diversas formas, como tentativas de negociação e atos na Assembleia Legislativa, mas decidiu partir para medidas mais drásticas, alegando que não foi ouvido. Dessa forma, o sindicato suspendeu a parceria com o Banco de Alimentos do Ceasa, que faz o contato com as instituições que buscam frutas e verduras.
Salesbram afirma que as doações não foram interrompidas: os produtos continuariam disponíveis, mas não estão sendo destinados ao Banco de Alimentos. Assim, as entidades podem recorrer diretamente aos boxes dos comerciantes.
Contudo, sem a organização e a centralização feita pelo Banco de Alimentos, o trabalho de distribuição ficou prejudicado. “Peço desculpas às entidades, mas precisamos manifestar o nosso repúdio”, diz o presidente do sindicato.
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Queda de doações
Jaqueline dos Reis Macedo, gerente da divisão social e do Banco de Alimentos, conta que as doações vêm caindo nos últimos 15 dias. “Hoje estou só com duas caixas de laranja aqui”, comenta. É uma queda muito brusca para um local que intermedia, geralmente, 250 toneladas de comida por mês. Apenas alguns produtores, que fornecem para os atacadistas, seguem fazendo doações.
A situação chegou ao ponto de comunicar, na segunda-feira (21), que as entidades não deveriam mais perder tempo e dinheiro mandando veículos até o Ceasa para buscar os alimentos. Até então funcionava uma escala, com dias e horários pré-determinados, para a coleta das doações.
Com o que está conseguindo administrar no Banco de Alimentos, Jaqueline conta que espera manter o atendimento a 180 famílias que dependem exclusivamente das doações.
Entre as instituições prejudicadas está o Patronato Santo Antônio, que oferece atividade escolar no contraturno para 600 crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, em São José dos Pinhais. O assessor da direção, Euclides Nora, conta que os atendidos passam o dia no patronato, fazendo todas as refeições. “Dependemos muito desses alimentos, que é uma ajuda muito importante, até por conta da crise atual, com o custo da alimentação e com a dificuldade de conseguir doações”, comenta.
A entidade – ligada à Igreja Católica e que recebe crianças e adolescentes encaminhados pelos centros de atenção social, pelos conselhos tutelares e pela Justiça – conseguia até 200 quilos de frutas e verduras por semana, vindos do Ceasa. “É uma quantia significativa e diversificada. O que não era incluído diretamente nas refeições virava conserva ou doce”, afirma Euclides. Era o caso das bananas mais maduras, que eram preparadas como acompanhamento para pão ou recheio de bolo.
Atualização
No meio da tarde desta terça-feira (22), a assessoria de imprensa do governo estadual retornou um pedido de informações sobre a nomeação política e informou que a governadora Cida Borghetti retirou a indicação de Vilson Goinski e que reafirma o compromisso com o setor. Um novo nome ainda não foi comunicado.
Também nesta tarde, permissionários do Ceasa se encontrarão com o secretário de Agricultura, George Hiraiwa. O presidente do sindicato, Paulo Salesbram, confirmou à Gazeta do Povo que as doações voltarão a ser entregues ao Banco de Alimentos.
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