O Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) só vai incorporar novos funcionários no ano que vem. A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) – que compartilha a gestão do HC com a UFPR e responsável pelas contratações – publicou, nesta sexta-feira (8), a convocação de 604 aprovados em concurso, mas eles só devem assumir os postos de trabalho em janeiro de 2018. Além disso, o número de empregados chamado é bem menor que os 1.029 servidores que a direção do hospital esperava. A medida deve colocar em xeque os planos do HC de operar em capacidade máxima e de atingir as metas mais ousadas, firmadas em novo contrato com a prefeitura.
Além de postergar a incorporação dos novos servidores, a Ebserh também retificou a convocação que outros 351 empregados que já haviam sido chamados em agosto. Com isso, eles também só devem assumir os postos de trabalho também em janeiro do ano que vem. Entre os funcionários a serem incorporados, há profissionais de todas as carreiras que atuam no hospital: de técnicos administrativos a médicos de diversas especialidades, enfermeiros e auxiliares de enfermagem, além de profissionais administrativos.
Homologado em 2015, o concurso realizado pela Ebserh vence na próxima segunda-feira (11). Por isso, a publicação da retificação da data é uma tentativa de estender a validade do certame. Em agosto, a Gazeta do Povo havia mostrado que o concurso estava em vias de vencer. Na ocasião, a Ebserh garantiu que chamaria os aprovados “dentro do número de vagas previstas no edital”.
O adiamento da incorporação dos aprovados está relacionado a restrições orçamentárias. Em nota enviada à Gazeta do Povo, a Ebserh atribuiu a medida “ao número de aprovados nos concursos de hospitais da rede Ebserh com prazo de convocação a vencer ainda neste ano”. A empresa acrescentou que a decisão “visa garantir que todos os aprovados dentro do número de vagas sejam convocados”.
Segundo a direção do HG, até agosto, a Ebserh havia incorporado cerca de 750 funcionários ao hospital, ante uma promessa de contratar 1,7 mil novos empregados. Por sua vez, a Ebserh alega que não houve redução do número de convocações e que, ao final do processo, mais de 2,2 mil profissionais terão sido chamados.
Metas em risco
O reforço no quadro de pessoal com os mil novos empregados era apontado como decisivo para a direção do HC, para que o hospital conseguisse efetivar seu plano de operar na capacidade máxima: voltando a disponibilizar 650 leitos, reativando 230 vagas que estão fechadas, principalmente por falta de funcionários.
A demora no aporte do quadro pessoal coloca em risco o cumprimento do novo contrato firmado pelo HC com a prefeitura e que prevê metas mais ousadas. O acordo – que começou a vigorar em agosto – estabelece um repasse de R$ 11,2 milhões por mês ao hospital (o contrato anterior destinava R$ 6 milhões mensais). Para isso, no entanto, o HC precisará ofertar 35 mil consultas por mês, das quais 7,5 mil deverão corresponder a pacientes novos. No ajuste anterior, a unidade tinha meta de 25 mil consultas e 5 mil pacientes novos.
Outro ponto que pode gerar tensão neste ajuste é que há uma ação civil pública movida pelo Ministério Público Federal (MPF), para obrigar que Ebserh contrate os candidatos aprovados no concurso.
A Gazeta do Povo tentou ouvir a direção do HC, mas, em razão do feriado, não havia expediente administrativo no hospital.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura