Durante praticamente um ano, da votação do impeachment de Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, em abril de 2016, até a deliberação em torno da reforma trabalhista, no mês passado, a bancada do Paraná na Casa adotou uma postura majoritariamente pró-Temer, embora o período tenha revelado um pequeno aumento no número de aliados “infiéis”. No impeachment, apenas quatro dos 30 deputados federais pelo Paraná votaram a favor da então presidente da República petista. Já durante a recente votação em torno de uma nova legislação na área trabalhista, sete paranaenses rejeitaram a proposição do Planalto e três outros parlamentares estavam ausentes.
INFOGRÁFICO: Veja como votou o seu deputado federal nos projetos do governo Temer até agora.
Levantamento feito pela reportagem da Gazeta do Povo levou em consideração o placar de seis votações realizadas no plenário da Câmara sobre temas emblemáticos, prioritários para o grupo de Michel Temer (PMDB): além do impeachment, o texto principal do projeto de lei 4567/2016, que retira a obrigatoriedade de participação da Petrobras na operação de todos os blocos de exploração do pré-sal; os dois turnos da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241/2016, a chamada “PEC do Teto dos Gastos Públicos”, que congela as despesas pelos próximos 20 anos; o projeto de lei 4302/1998, que regulamenta a terceirização e o trabalho temporário; e, por fim, o corpo principal do projeto de lei 6787/2016, a conhecida “reforma trabalhista”.
O Planalto venceu em todas as seis votações – no caso da “PEC do Teto dos Gastos Públicos” foram realizadas duas deliberações, em dois dias diferentes do mês de outubro. E a bancada do Paraná contribuiu para o desempenho: a oposição formal é miúda. Apenas quatro paranaenses pertencem a siglas oposicionistas: Enio Verri e Zeca Dirceu, ambos do PT, além de Assis do Couto (PDT) e Aliel Machado (Rede).
Filiada ao PV, a paranaense Leandre tem sustentado que sua legenda é “independente”, ou seja, nem aliada, nem oposição. Todos os demais 25 parlamentares do Paraná estão ligados a partidos políticos que integram formalmente a base aliada e a grande maioria deste grupo tem se mantida próxima do governo Temer, obedecendo às orientações que chegam do Planalto.
Mas o grau de “fidelidade” varia dependendo do conteúdo da proposição em pauta. Até aqui, já figuraram na lista de “infiéis” ao Planalto os paranaenses João Arruda e Hermes Parcianello, ambos do PMDB, além de Christiane Yared (PR) e Marcelo Belinati (PP), que renunciou ao mandato em dezembro para assumir a prefeitura de Londrina.
Outros paranaenses estrategicamente preferiram se ausentar do plenário em determinadas deliberações, para não deixar as “digitais” registradas no placar de votações.
Além disso, na última votação, da reforma trabalhista, também houve a “traição” autorizada pelo próprio partido. Embora sejam membros da base, Luciano Ducci e Leopoldo Meyer, ambos do PSB, além de Fernando Francischini, do Solidariedade (SD), votaram contra os interesses do Planalto, com o aval das suas respectivas siglas. O PSB e o SD também rejeitam a reforma previdenciária, que é o próximo tema polêmico previsto para entrar no plenário da Câmara.
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