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Ex-vereador de Curitiba Juliano Borghetti  | Aniele Nascimento
Arquivo Gazeta do Povo
Ex-vereador de Curitiba Juliano Borghetti | Foto: Aniele Nascimento Arquivo Gazeta do Povo

O ex-vereador de Curitiba Juliano Borghetti e o empresário Eduardo Lopes de Souza se tornaram réus por crime de corrupção, no âmbito de uma denúncia derivada da Operação Quadro Negro. O juiz Fernando Bardelli Silva Fischer, da 9ª Vara Criminal de Curitiba, acolheu a denúncia no último dia 10 de janeiro. “Verifico a existência de indícios suficientes de materialidade e de autoria dos crimes imputados aos denunciados”, escreveu Fischer. Juliano responderá por corrupção passiva; Eduardo por corrupção ativa.

A denúncia foi apresentada em julho do ano passado pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do Ministério Público Estado do Paraná (MP-PR), no bojo da Operação Quadro Negro.

Deflagrada em 2015, a Operação Quadro Negro apontou desvio de dinheiro (ao menos R$ 18 milhões, segundo os investigadores) a partir de contratos entre a empresa Valor Construtora e a Secretaria da Educação, para construções e reformas de escolas, durante o segundo mandato de Beto Richa (PSDB) no governo do Paraná, entre 2011 e 2018.

O empresário Eduardo Lopes de Souza, que é dono da Valor Construtora e se tornou um dos delatores na Operação Quadro Negro, admitiu ter feito pagamentos a Juliano Borghetti, no início de 2015, em troca de uma nomeação a um cargo público, comissionado, dentro da estrutura da vice-governadoria do Paraná, onde atuava Cida Borghetti, irmã do ex-vereador.

Juliano Borghetti chegou a receber R$ 45 mil do empresário, de acordo com o delator – em três pagamentos de R$ 15 mil, feitos em janeiro, fevereiro e março de 2015. 

Outro lado

conteúdo da denúncia já era conhecido desde meados de 2017, quando veio à tona a delação de Eduardo Lopes de Souza – Juliano e Cida Borghetti sempre negaram terem feito o acordo com o empresário. Cida não foi denunciada. O ex-vereador acrescenta que prestou serviços à Valor Construtora e que, por isso, recebeu a quantia de R$ 45 mil.

“Juliano Borghetti nega as novas acusações e afirma que o dinheiro recebido é referente aos três meses que trabalhou na empresa Valor, conforme declarado em seu imposto de renda”, reforçou a defesa do ex-vereador, em nota encaminhada à Gazeta do Povo nesta terça-feira (5). 

“A denúncia recentemente recebida pelo Juízo da 9ª Vara Criminal não tem nenhuma relação com a Operação Quadro Negro, que apura desvios de recursos públicos no âmbito da Secretaria de Educação. Conforme já se esclareceu, esta nova denúncia comprova o desatrelamento de Juliano Borghetti de qualquer acusação vinculada com a referida operação”, continua a defesa.

Delação

O dono da Valor Construtora, Eduardo Lopes de Souza, conta em sua delação que conhecia Juliano Borghetti desde a primeira campanha do Cássio Taniguchi à prefeitura de Curitiba: “Nós dois trabalhamos na campanha e a partir de então ficamos amigos. No ano de 2014 ele me procurou e disse que, apesar de ser irmão da vice-governadora do estado, Maria Aparecida Borghetti (Cida Borghetti), estava impossibilitado de assumir cargos públicos, por estar com sua imagem desgastada em razão de uma briga de torcidas em que tinha se envolvido”. 

Mas, segundo o empresário, Juliano Borghetti disse que, de todo modo, teria “direito” a um cargo comissionado: “[Juliano] Disse que, entretanto, foi-lhe dado o direito à nomeação de um cargo na vice-governadoria, com salário de aproximadamente R$ 15.000,00, e me propôs a “venda” dessa nomeação. Disse que eu poderia colocar meu filho no cargo e em contrapartida eu pagaria ao Juliano uma quantia por fora”, relatou Eduardo Lopes de Souza aos investigadores.

O termo de colaboração premiada do empresário foi homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em setembro de 2017.

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