A construção de uma segunda ponte em Foz do Iguaçu, ligando Brasil e Paraguai, pode começar ainda neste mês de setembro. A previsão é do ministro Carlos Marun, da Secretaria de Governo da Presidência da República, logo após se reunir com representantes da Itaipu Binacional, nesta terça-feira (4), no Palácio do Planalto. Em entrevista à Gazeta do Povo na saída da reunião, Marun confirmou que a ideia é que a hidrelétrica assuma os custos, estimados em 70 milhões de dólares - algo em torno de R$ 291 milhões, pelo câmbio desta terça-feira. A hipótese já tinha sido ventilada em junho, como uma solução para a obra, que foi desenhada em 2014, mas nunca saiu do papel. Agora, faltaria apenas o aval da cúpula da Itaipu Binacional, que se reúne já no próximo dia 17 para tratar do tema.
No Palácio do Planalto, também participaram da reunião o prefeito de Foz do Iguaçu, Chico Brasileiro (PSD), e os deputados federais pelo Paraná Sérgio Souza (MDB) e João Arruda (MDB).
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“Desde a posse do presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, no mês passado, as coisas avançaram de forma acelerada. Existe um interesse do Paraguai e do Brasil na construção destas pontes. Não só a segunda ponte em Foz do Iguaçu, no Rio Paraná, mas também uma ponte no Rio Paraguai, ligando Porto Murtinho, no Mato Grosso do Sul, a Carmelo Peralta, no Paraguai. A Itaipu Binacional tem condições financeiras de bancar esses empreendimentos”, disse Marun.
A segunda ponte em Foz do Iguaçu, que seria erguida ao lado do Marco das Três Fronteiras, receberia recursos do lado brasileiro da Itaipu Binacional. Já a ligação em Mato Grosso do Sul seria construída com recursos do lado paraguaio.
A fatia brasileira da Itaipu Binacional também ficaria responsável por injetar recursos – estimados em 30 milhões de dólares - em obras de acesso à nova ponte, na BR-277. O edital de licitação deve ser publicado em breve.
Já a obra principal, da segunda ponte, seria retomada pelo consórcio Construbase-Cidade-Paulitec, vencedor da licitação realizada ainda em 2014. Desde aquele ano até agora, o governo federal já gastou quase R$ 2,5 milhões, valor relacionado apenas ao projeto da ponte.
Agora, de acordo com o diretor financeiro executivo da Itaipu Binacional, Mario Antonio Cecato, caberá à hidrelétrica desembolsar o dinheiro, “sem aumentar tarifa”, segundo ele. “O importante é que não afetará a tarifa. A Itaipu Binacional tem recursos e há necessidade de desafogar o fluxo na região. Obras de infraestrutura estão no bojo da hidrelétrica, principalmente nos municípios lindeiros. A ponte não é a única obra, embora seja a mais volumosa”, explicou Cecato à Gazeta do Povo.
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A aplicação dos recursos na segunda ponte deverá, primeiro, ser aprovada pela diretoria executiva da Itaipu Binacional no próximo dia 17. Se receber mesmo o aval, como esperado, outra reunião, do conselho de administração da hidrelétrica, será convocada já no dia seguinte, dia 18. Os dois órgãos são binacionais. “Por causa do valor da obra, isso também tem que ser passado pelo conselho de administração. Mas acredito que tudo será referendado. Os governos brasileiro e paraguaio estão alinhados”, antecipou Cecato. A partir daí, a obra já poderia começar. “E seria concluída em até três anos no máximo”, disse ele.