A Justiça marcou data para que o ex-deputado estadual Luiz Fernando Ribas Carli Filho seja, enfim, levado a júri popular. Segundo determinação do juiz Daniel Surdi de Avelar, da 2.ª Vara do Tribunal do Júri, o julgamento será realizado nos dias 27 e 28 de fevereiro de 2018. Carli Filho vai responder por duplo homicídio doloso (com intenção de matar), após a morte de dois jovens em de um acidente de trânsito ocorrido em 2009. O ex-deputado dirigia em alta velocidade e estava com a carteira de habilitação suspensa.
O julgamento de Carli Filho já havia sido marcado uma vez – para janeiro de 2016 –, mas o júri popular acabou sendo adiado, depois que a defesa do ex-deputado interpôs recursos junto ao Supremo Tribunal de Federal (STF) e ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ao definir nova data para o julgamento, Surdi Avelar destacou que o último entrave ao julgamento – uma liminar de pedido de habeas corpus – foi revogado pelo STF no início deste mês, abrindo caminho para que Carli Filho seja levado ao banco dos réus.
Gilmar Yared – pai do jovem Gilmar Rafael Yared, que morreu no acidente – disse que se sentiu aliviado com o agendamento do júri e espera que o julgamento possa servir de lição à sociedade. “A sensação é de alívio. Dá uma vontade de chorar muito grande. Eu, que segurei o choro esses anos todos... Esse país tem jeito. Anos atrás se pensava que seria uma utopia levar um político milionário a júri popular. Hoje, isso é uma realidade. Espero que sirva de lição àqueles que fazem do carro uma arma”, desabafou.
Acusação destaca provas
Assistente de acusação contratado pela família Yared, o advogado Elias Mattar Assad entende que há provas suficientes para que Carli Filho seja condenado pelo duplo homicídio. Dos elementos que compõem o conjunto probatório, Mattar Assad destaca: a velocidade em que o ex-deputado dirigia (a pelo menos 161 km/h), o fato de o réu estar com a carteira suspensa por mais de 130 pontos e o fato de Carli Filho ter, confessadamente, bebido antes de assumir a direção.
“Quando entrei no caso, recebi um abraço daquela mãe, chorando, que pedia justiça. Hoje, a minha convicção é de que há todos os ingredientes para que os jurados saiam convencidos de que não foi um mero acidente de trânsito”, disse. “A colisão foi uma aterrissagem. O carro do réu, por causa da alta velocidade, decolou e aterrissou sobre o carro das vítimas”, completou.
Para o assistente de acusação, é irreversível a decisão da Justiça de levar Carli Filho a júri popular. Ele entende que o julgamento só pode ser adiado por eventualidades de risco, como, por exemplo, o fato de uma testemunha considerada imprescindível não ser localizada ou em caso de doença de algum dos jurados. “Agora, quanto ao fato de ser júri popular, não tem o que fazer. Esgotaram-se as possibilidades”, apontou Mattar Assad.
A Gazeta do Povo tentou contato com Gustavo Scandelari, um dos advogados que compõe a defesa de Carli Filho, mas as ligações não foram atendidas. Outro defensor do ex-deputado, o advogado Ticiano Figueiredo não estava em seu escritório.
Entenda o caso
A colisão que matou Gilmar Rafael Yared e Carlos Murilo de Almeida ocorreu na madrugada de 7 de maio de 2009. Carli Filho ficou ferido no desastre e chegou a ser hospitalizado. Um exame feito a partir de material colhido no hospital em que ele foi atendido apontou que o então deputado estava embriagado – tinha 7,8 decigramas de álcool por litro de sangue. O resultado, no entanto, foi desconsiderado como prova pela Justiça porque Carli Filho estava desacordado no instante em que o exame foi feito.
Além disso, laudos do Instituto de Criminalística comprovaram que, no instante da colisão, o Passat dirigido por Carli Filho estava a uma velocidade entre 161 km/h e 173 km/h. O ex-deputado também estava com a carteira de habilitação vencida e sequer poderia estar dirigindo.
A defesa do réu tem apostado na tese de que a culpa pela colisão é dos jovens mortos. Segundo os advogados de Carli, o Honda Fit não respeitou a preferencial – que era a via por onde o carro do ex-deputado trafegava. No instante da colisão, o semáforo estava desligado.
Em fevereiro de 2014, a 1.ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) entendeu que havia indícios de que Carli Filho assumiu o risco de matar ao dirigir em alta velocidade e depois de ingerir bebida alcoólica.
Em maio do ano passado, em mais um capítulo polêmico dessa história, Carli Filho divulgou um vídeo pedindo perdão às mães dos jovens mortos. Em resposta, Chistiane Yared reagiu imediatamente, dizendo que o ex-deputado estava “sete anos atrasado para o enterro” do filho dela e que não percebeu sinceridade no pedido de perdão.
Número de obras paradas cresce 38% no governo Lula e 8 mil não têm previsão de conclusão
Fundador de página de checagem tem cargo no governo Lula e financiamento de Soros
Ministros revelam ignorância tecnológica em sessões do STF
Candidato de Zema em 2026, vice-governador de MG aceita enfrentar temas impopulares
Deixe sua opinião