O megacorte nos benefícios do Bolsa Família em julho tirou R$ 3 milhões de circulação dos municípios paranaenses, na comparação com o mês anterior. Além de afetar diretamente 20 mil famílias, prejudicou também o comércio local, principalmente das cidades mais pobres, que dependem da transferência de renda do governo federal. Em julho, foram repassados R$ 51,3 milhões para o Paraná, contra R$ 54,3 milhões de junho, queda de 5,5%.
INFOGRÁFICO: Veja o impacto do corte do Bolsa Família nos 399 municípios do Paraná
Nas grandes cidades, o volume que deixou de circular também foi considerável: em Curitiba, foi de R$ 300 mil; em Londrina, queda de R$ 266 mil; em Foz do Iguaçu e São José dos Pinhais, em torno de R$ 123 mil.
Por causa da crise econômica nacional, o volume de recursos repassados tem sofrido variações constantes. Pressionado pelas acusações de que cortaria benefícios sociais, o presidente Michel Temer (PMDB) manteve em alta as transferências via Bolsa Família. Em outubro de 2016, mesmo com a crise econômica, o programa tinha atendido 392,5 mil famílias paranaenses, num valor total de R$ 61,1 milhões.
Temer até planejou um aumento no benefício a partir de julho, o que foi barrado pela equipe econômica. Depois de reportagens negativas falando do megacorte, o governo anunciou que vai ampliar o número de beneficiados em agosto. O pagamento, porém, ainda não foi feito.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), mudanças no número de beneficiários decorrem, na maioria dos casos, do aumento de renda da família atendida. Assim, ela não se enquadra mais no perfil do programa. Em julho, 337,2 mil famílias foram atendidas no Paraná, contra 357 mil de junho.
Os próprios dados do Cadastro Único do MDS referentes a famílias pobres mostram, porém, o contingente de pessoas que precisa de ajuda. Em julho, o Paraná tinha 262,8 mil famílias com renda per capita de até R$ 85 mensais; 200 mil famílias com renda per capita mensal de R$ 85,01 a R$ 170; e 483,9 mil famílias com renda per capita entre R$ 171 e meio salário mínimo (R$ 468,50 atualmente).
O Bolsa Família atende somente as famílias no perfil de pobreza e extrema pobreza. Isto é, aquelas que têm renda per capita de até R$ 85 mensais e aquelas com renda entre R$ 85,01 e R$ 170, desde que tenham crianças ou adolescentes até 17 anos. O benefício básico é de R$ 85, e há benefícios variáveis, vinculados a obrigações de saúde e educação para crianças, adolescentes e gestantes.
Estados
Os estados das regiões Sul e Sudeste foram os mais afetados com o megacorte de benefícios do Bolsa Família em julho, com queda entre 4% (Minas Gerais) e 6,9% (São Paulo). No Norte e no Nordeste, o corte variou entre 2,4% (Amapá) e 3,4% (Ceará).
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