O depoimento do deputado Nelson Meurer (PP-PR) para o processo da Operação Lava Jato foi adiado. O parlamentar é acusado de ser beneficiário do esquema de corrupção na Petrobras e tinha uma audiência em que seria interrogado no Supremo Tribunal Federal nesta segunda-feira (28), mas não compareceu.
O advogado Michel Saliba, que defende o parlamentar, disse que Meurer não foi prestar esclarecimentos à Justiça porque não foi oficialmente notificado pelo Supremo. Ele esclareceu que a data do interrogatório foi publicada em nome de seus defensores no Diário Oficial de Justiça, mas que o réu não a recebeu. “É prerrogativa do réu ser notificado. Queria esclarecer isso para que não pareça que ele não quis aparecer. Assim que ele receber a notificação, irá comparecer”, afirmou Saliba. Ele disse que o oficial de Justiça marcou horário, mas não compareceu conforme havia acordado no gabinete parlamentar em Brasília. O oficial teria aparecido algum tempo depois quando o deputado já havia embarcado de volta ao Paraná.
Já a assessoria de imprensa do STF apresentou uma versão um pouco diferente. Segundo as informações do gabinete do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato na Corte, o oficial de Justiça esteve no gabinete e obteve a informação de que o parlamentar precisou antecipar sua viagem porque sua mulher havia sido internada às pressas.
A reportagem da Gazeta do Povo conversou com Meurer por telefone, mas o deputado não quis esclarecer o motivo de não comparecer ao depoimento e disse que seu advogado explicaria o caso. A defesa do parlamentar tentou adiar o depoimento na semana passada, pedindo mais prazo para a produção de provas. O pedido, porém, foi negado por Fachin e a data inicial de depoimento foi mantida pelo Supremo para esta segunda-feira. O ministro justificou o indeferimento defendendo que é papel do juiz indeferir as provas consideradas “irrelevantes, impertinentes ou protelatórias”.
A Gazeta questionou a defesa do parlamentar se le não poderia ser considerado notificado oficialmente diante do pedido de adiamento. Saliba afirmou que a produção de provas pelo réu é importante para defesa e que não tem relação com fato de Meurer não ter sido notificado. “Por que não deixar o réu produzir a prova?”, indagou o advogado.
O ministro Fachin ainda vai analisar o caso após o não comparecimento de Meurer.
Entenda a denúncia contra Meurer
A Procuradoria-Geral da República acusa Meurer de ser beneficiário do esquema de desvios da Petrobras envolvendo o PP, entre 2006 e 2014.
Segundo as investigações, o deputado teria entrado no esquema por meio de um correligionário, o ex-deputado federal paranaense José Janene, morto em 2010, e com participação de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da estatal, e do doleiro Alberto Youssef, delator da Lava Jato. Meurer nega relação com eles e se defende das acusações da PGR.
Segundo a PGR, Meurer recebeu 99 repasses, de R$ 300 mil cada, em média. O valor total chegaria R$ 29,7 milhões, de acordo com os investigadores.
Os procuradores também alegam que, além dos repasses mensais, o paranaense teria recebido R$ 4 milhões para a campanha eleitoral de 2010, por “caixa dois”. As investigações ainda apontam que outros R$ 500 mil destinados para a mesma campanha eleitoral, doados pela Construtora Queiroz Galvão, foram oficialmente registrados, mas também seriam parte da “cota de propina”.
Meurer também é acusado pela PGR de receber dinheiro em espécie, com a ajuda dos filhos Júnior e Cristiano, para tentar evitar a fiscalização que identificaria o dinheiro ilícito. Os filhos também são réus no processo.
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