Desde a última sexta-feira (17), o promotor Carlos Alberto Hohmann Choinski, do Ministério Público do Paraná (MP-PR), está oficialmente fora das investigações da Operação Quadro Negro. Segundo a entidade, a escolha por atuar exclusivamente na Coordenadoria de Recursos Cíveis foi tomada por ele próprio. “Quero que a Procuradoria-Geral de Justiça (PGJ) mostre algum documento em que eu fiz essa opção. Trata-se de uma ordem, que a mim cabe apenas obedecer”, rebateu Choinski.
A guerra de versões em torno do caso começou há pouco mais de um mês, quando o promotor foi retirado do Grupo Especializado na Proteção do Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa (Gepatria) de Curitiba, um dos núcleos ligados às apurações da Quadro Negro.
A decisão foi tomada pela PGJ após ele ter notificado o secretário de Estado da Casa Civil, Valdir Rossoni (PSDB), e o deputado estadual Plauto Miró (DEM) de que ambos são investigados por suposta participação no esquema. Eles negam. Com isso, Choinski passou a ficar lotado somente na Coordenadoria de Recursos Cíveis – que vinha cumulando com o Grupo Especializado.
Repercussão
Diante da repercussão negativa em torno do caso, o MP-PR afirmou que tinha a intenção de destacar dois promotores exclusivos para atuar no Gepatria – o que de fato ocorreu neste mês −, mas que Choinski tinha a liberdade de escolher em qual das funções gostaria de permanecer.
Passadas algumas semanas do imbróglio, foi publicada no Diário Oficial desta terça-feira (21) uma resolução assinada pelo chefe do MP-PR, Ivonei Sfoggia, revogando a designação de Choinski para atuar no Gepatria.
Por meio da assessoria de imprensa, o órgão reafirmou que, diante das duas opções que tinha, o promotor optou pela Coordenadoria de Recursos Cíveis. Também reforçou que o trabalho no Gepatria requer dedicação exclusiva, em Curitiba e no restante do estado, e que as ações realizadas pelo grupo na capital contam com mais de dez promotores, se foram somados integrantes da Promotoria de Proteção ao Patrimônio Público e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
Versão diferente
Choinski, por outro lado, nega que tenha recebido a oferta de optar entre o Gepatria e os Recursos Cíveis. Ele afirma que, diante de uma entrevista dada à imprensa pelo procurador-geral de Justiça mencionando a possibilidade de escolher onde gostaria de atuar, solicitou que isso fosse formalizado em um documento. O que nunca teria ocorrido.
“Saí de férias no início do mês e fui substituído no Gepatria, inclusive sem que houvesse um ato revogando a minha designação. Agora, na segunda-feira (20), recebi um email com a revogação. Mas quero que mostrem o protocolo que mencione qualquer manifestação minha no sentido de optar pelos Recursos Cíveis”, declarou. “Essa é uma decisão do procurador-geral, na qual não vou interferir. Enquanto estive nas duas funções, acho que cumpri com o que era proposto. A partir do momento da revogação, não posso mais responder sobre esse assunto.”
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