O Ministério Público Federal (MPF) ofereceu nesta terça-feira (29) mais uma denúncia à Justiça Federal contra o ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB). Desta vez, por crime de lavagem de dinheiro. Também foram denunciados, na mesma peça, um dos filhos dele, André Richa, e o contador Dirceu Pupo Ferreira, responsável pela administração de empresas da família Richa.
Beto Richa e Pupo estão presos desde sexta-feira (25), no âmbito da Operação Integração, que apura irregularidades no pedágio no Paraná. Na segunda-feira (28), o tucano já havia sido denunciado por corrupção e organização criminosa.
A nova denúncia foca apenas nas negociações imobiliárias feitas pela Ocaporã Administradora de Bens. Dinheiro em espécie – obtido de forma ilícita, segundo o MPF – foi usado na compra de imóveis.
“Identificou-se que um dos destinos de parte da corrupção recebida por Beto Richa era a incorporação do dinheiro, de forma dissimulada/oculta, ao patrimônio de seus familiares, mediante atos de lavagem de dinheiro consistentes na aquisição de imóveis em nome da empresa Ocaporã Administradora de Bens, por intermédio de subfaturamento dos valores declarados no ato da compra e pagamento oculto e não declarado de parcelas em espécie aos vendedores”, aponta o MPF.
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A empresa está formalmente no nome da ex-primeira-dama Fernanda Richa e de André Richa. “Embora existam indícios da participação da investigada Fernanda Richa no presente caso, neste momento o MPF entende oportuna a continuidade da investigação em relação a esta pessoa para melhor elucidar sua participação nos fatos”, anotaram os procuradores da República.
Todos eles negam terem cometido irregularidades. Em nota, a defesa de Beto Richa disse estar “estudando as medidas a serem adotadas”.
R$ 930 mil
Na denúncia, o MPF afirma que Pupo pagou R$ 930 mil em espécie, “por fora”, na compra de um lote do Condomínio Paysage Beau Rivage, em Curitiba, anunciado no valor de R$ 2 milhões.
Para adquirir o lote, a família Richa teria entregue dois imóveis do Alphaville Graciosa (avaliados em R$ 500 mil, cada um), em permuta, além dos R$ 930 mil.
A negociação, iniciada em 2012, teria ocorrido na presença de André Richa, que depois assinou a escritura subfaturada do imóvel. Ainda segundo o MPF, a palavra final cabia a Beto Richa.
Outro lado
A defesa de André e Fernanda Richa declara:
“A Ocaporã é uma empresa patrimonial constituída em 2008 para gerir o patrimônio originário de herança do pai de Fernanda; este patrimônio não se confunde com o patrimônio de Carlos Alberto Richa. A sociedade tem como sócios apenas Fernanda e seus filhos. Seu marido, Carlos Alberto Richa, nunca foi sócio ou geriu, nem exerceu qualquer função na empresa. Dirceu Pupo Ferreira é um funcionário responsável pela gestão da empresa, com conhecimento e confiança de Fernanda. Todas as transações de imóveis ocorreram em razão de oportunidades comerciais reais e lícitas. A empresa jamais realizou qualquer operação com o intuito de ocultar ou dissimular valores.”