O ex-governador do Paraná e pré-candidato à disputa por uma das vagas no Senado Beto Richa (PSDB) foi sabatinado pela Gazeta do Povo na tarde desta quarta-feira (16). Na ocasião, o tucano respondeu sobre as mais recentes denúncias que envolvem seu nome, que surgiram após sua saída do Palácio do Iguaçu para concorrer à eleição deste ano.
Richa aproveitou a sabatina para, além de evidenciar seus feitos como governador, falar sobre o que o motivou a concorrer como senador. Segundo ele, foi uma decisão cautelosa e tomada sem atropelos. Em primeiro lugar, Richa disse ter ouvido, nos municípios que visitou enquanto governador, “o clamor das ruas para disputar as eleições”. Richa afirmou ainda que deixar o governo do estado nas mãos de Cida Borghetti (PP) também o tranquilizou. “Ela participou das transformações, tem qualificação e dá toque feminino à administração, vai preservar nossas conquistas”, declarou.
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Para Richa, o estado não tem um parlamentar no Senado que defenda os reais interesses da população. “O que prevalece é uma autofagia e quem paga a conta por esta briga é o povo. Em primeira mão, digo que se for eleito, qualquer que seja o governador eleito no Paraná terá o meu apoio no Senado da República para defender e apoiar os projetos do estado.”
O pré-candidato apontou, ainda, que existe uma tendência majoritária no PSDB em apoiar a candidatura de Cida Borghetti à reeleição, mas isso deve ser definido apenas na convenção do partido.
Ao final da sabatina, Richa surpreendeu ao desafiar o senador Roberto Requião (PMDB), um de seus maiores adversários políticos, para um debate “olho no olho”. “Estou farto de ser criticado pelo Requião. Quero comparar nossas gestões, sobretudo no campo ético. Ele me acusa, se aproveita de forma oportunista, como sempre foi. Tenho dois processos de investigação, ele saiu com mais de uma centena. Não aceito que venha apontar seu dedo sujo na minha cara”, anunciou.
Assista ao vídeo completo da sabatina com Richa:
Reforma trabalhista
Richa acredita que a reforma trabalhista feita pelo governo de Michel Temer não foi a ideal, mas que deve ser reconhecida como um grande passo e que, apesar das críticas principalmente do movimento sindical, é inegável que ela deve ampliar a capacidade de geração de empregos. “Muitas empresas evitam ampliar seu quadro de funcionários diante de uma forte legislação trabalhista que pune o empresário e não estimula a geração de empregos. A legislação precisa ser atualizada, modernizada. Acredito que foi um avanço”, declarou.
Apesar disso, o ex-governador acredita que existem alguns pontos que não foram bem atendidos e precisam ser rediscutidos, como por exemplo a situação de grávidas trabalhando em ambientes insalubres.
Reforma da previdência
Como governador, esta foi uma das maiores polêmicas enfrentadas por Richa. Ele reforçou, no entanto, que é uma reforma necessária, pois há um déficit constante e crescente e que logo deve estourar. “O que impera é um discurso demagógico, pois é uma reforma que tem avaliação impopular e muitos não querem abordar. Querem ir no efeito manada e ver o que é melhor para conquistar votos, então este ano esqueça a votação de qualquer reforma”, avaliou.
Richa diz, no entanto, que não concorda com a atual reforma proposta, que, para ele, prejudica principalmente o “pequenininho”, que recebe em média R$ 1,6 mil de aposentadoria pelo INSS, enquanto cargos dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, que recebem até R$ 25 mil pelo benefício, não devem ter suas aposentadorias mexidas. “Não dá para aceitar que os mais humildes arquem com isso. Tudo tem de ser revisto com coragem, para acabar com os privilégios”, afirmou.
Reforma política
Para o pré-candidato, a reforma política é a mãe de todas as reformas e os políticos devem responder mais por suas responsabilidades. Ele apontou o problema da “montoeira” de partidos que existe hoje, muitos em busca apenas do fundo partidário ou de funcionarem como “partidos de aluguel”, que vendem seu tempo de televisão ou apoiam candidaturas em troca de espaço num eventual governo. “Torci para que para nestas eleições já acabassem as coligações nas eleições proporcionais”, disse.
Richa vê o voto distrital misto como um avanço, pois traria os candidatos mais próximos da população, e diz que este é o posicionamento do PSDB.
Aborto e casamento homoafetivo
A respeito de temas considerados polêmicos e que tem sido perguntados a todos os pré-candidatos sabatinados pela Gazeta do Povo, Richa afirmou que, apesar de suas convicções religiosas, entende tais mudanças da sociedade. “O aborto já tem previsão constitucional em alguns casos; as relações e união estável homoafetivas têm todo meu respeito, não estimulo, mas respeito”, afirmou.
Sobre adoção por casais homossexuais, Richa disse não ter opinião formada, mas que é preciso ver a questão psicológica e o quanto isso poderia afetar a criança de alguma forma. Admite, no entanto, que também é uma questão crescente no país.
Razões para ser eleito
Questionado sobre qual tema se debruçará caso eleito senador, Richa afirmou que a fiscalização do Executivo e o combate à corrupção são os temas mais esperados de um parlamentar.
Richa voltou a ressaltar seus feitos à frente do governo do estado, dizendo que, quando assumiu, encontrou um Paraná endividado – novamente com menções ao ex-governador Requião –, e, no segundo mandato, enfrentou a grave crise financeira nacional. “Peguei um estado com R$ 4 bilhões em dívidas e o deixei com R$ 6,7 bilhões em caixa”, disse, apresentando extratos do Banco do Brasil que comprovariam as informações.
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