O deputado federal Nelson Meurer, filiado ao PP do Paraná, se tornou alvo de um terceiro processo no âmbito da Operação Lava Jato. Desta vez, pelo suposto crime de associação criminosa. A denúncia foi oferecida ao Supremo Tribunal Federal (STF) no mês de setembro, pelo então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e acolhida quase um mês depois pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato em Brasília. Além de Meurer, mais 11 pessoas, todas ligadas ao Partido Progressista (PP), foram denunciadas na mesma peça. A denúncia é derivada do inquérito 3989, aberto no início de 2015 no STF.
Outro deputado federal do Paraná, Dilceu Sperafico (PP), também estava sendo investigado por associação criminosa. Mas, alegando não ter colhido “provas suficientes de envolvimento no delito”, Janot pediu o arquivamento do caso. Quem também ficou de fora da denúncia foi o ex-deputado federal Pedro Corrêa (ex-PP), em função do acordo de colaboração premiada celebrado por ele com os investigadores da Lava Jato. O processo tramita de forma sigilosa no STF.
“No caso dos denunciados, as ações criminosas tiveram como objetivo principal arrecadar propina às custas dos cofres da Petrobras por meio dos contratos firmados no âmbito da Diretoria de Abastecimento no período de 2004 a 2014, embora a atuação do grupo não tenha se limitado a ela. Nesse sentido, em acórdão lavrado pelo TCU [Tribunal de Contas da União], estimou-se que a atuação cartelizada perante a Petrobras implicou prejuízos à estatal (...). Em contrapartida, os empresários beneficiados pagaram a título de propina apenas para o grupo político dos ora denunciados (PP), pelo menos, R$ 380.900.000,00”, escreveu Janot, na denúncia ao STF.
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De acordo com a PGR, Meurer, que está em seu sexto mandato consecutivo na Câmara dos Deputados, teria entrado no “Petrolão” pelas mãos de um correligionário, o amigo e ex-deputado federal paranaense José Janene, morto em 2010.
Janene foi o responsável pela indicação do servidor Paulo Roberto Costa para o comando da Diretoria de Abastecimento da Petrobras. A diretoria seria o canal de desvio de dinheiro da estatal destinado ao PP e a nomes ligados à legenda. Para fazer a distribuição dos recursos, Costa contava com a ajuda do doleiro Alberto Youssef. Na condição de integrante da cúpula do partido, Meurer receberia até uma espécie de “mesada” do esquema de corrupção.
A Gazeta do Povo não conseguiu falar nesta quarta-feira (29) com o advogado de Meurer, Michel Saliba. Meurer vem negando vínculo com as situações narradas até aqui pela PGR e que envolveriam o pepista. Desde a deflagração da Lava Jato, no início de 2014, Meurer já se tornou alvo de outros dois processos. Ou seja, ao ser denunciado agora por associação criminosa, Meurer entra pela terceira vez na mira da operação.
Em junho de 2016, ele se tornou réu no STF em uma ação penal na qual é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O processo já está em sua etapa final. Em abril de 2017, Meurer teve bens bloqueados, em R$ 78,8 milhões, a pedido do Ministério Público Federal (MPF) no Paraná, na esteira de uma ação por improbidade administrativa, ainda em trâmite na 1ª Vara Federal de Curitiba.
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