Beto Richa (à esq.) e Júlio Reis| Foto: Jaelson Lucas/ANPr

O novo secretário da Segurança Pública, delegado Júlio Reis, vem sendo encarado como uma opção do governador Beto Richa (PSDB) para pacificar desgastes com setores da Polícia Militar (PM). Entre as entidades que representam os policiais, a nomeação foi bem recebida, apesar de a maioria dos líderes apostarem que vá haver uma gestão de “continuidade” na pasta. O estopim para a queda do antigo secretário, o delegado federal Wagner Mesquita, é atribuído ao embate com oficiais da PM, que reclamavam de aspectos do orçamento da corporação.

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Reis só foi anunciado oficialmente como secretário nesta segunda-feira (5), mas nas últimas semanas já eram fortes os rumores sobre a queda de Mesquita. Antes de assumir a Sesp, Júlio Reis ocupada o posto de delegado-geral da Polícia Civil. Apesar de vir de outra força policial, os militares apoiaram a nomeação do novo secretário.

A Associação dos Oficiais da PM (Assofepar) comemorou a troca no comando da Sesp e destacou que Júlio Reis tem condições de rever o posicionamento de Mesquita que, segundo a entidade, vinha reduzindo a fatia do orçamento da secretaria destinada à PM. Na avaliação do coronel Izaías de Farias, o novo secretário deve pacificar os desentendimentos.

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“Vemos com bons olhos a substituição. Como havíamos apontado nas notas, a gestão do Mesquita estava prejudicando a segurança pública, o que estava gerando problemas à própria segurança pública. Júlio Reis demonstrou um bom trabalho como delegado-geral e tem condições de rever as questões orçamentárias”, disse o coronel.

Entre os policiais de base da PM, a tônica também foi de aprovação e a expectativa de “continuidade”, principalmente no que diz respeito aos recursos físicos da segurança, como aquisição/aluguel de viaturas e compra de armas. “Lamentamos o afastamento do Mesquita, que é um homem sério, honesto e íntegro. Mas, por outro lado, o dr. Júlio Reis é da mesma linhagem e do mesmo grupo. Esperamos que ele dê continuidade ao trabalho e ele certamente dará”, destacou o presidente da Associação dos Praças da PM (Apra-PR), Orélio Fontana Neto.

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Presos em delegacia preocupam a Polícia Civil

Entre entidades que representam servidores da Polícia Civil, a expectativa também é positiva. Júlio Reis é o primeiro delegado da corporação a assumir o posto mais alto da segurança pública. Apesar disso, há preocupação em relação a um dos principais problemas da pasta: a manutenção de presos em delegacias da Polícia Civil. Hoje, mais de 9 mil pessoas estão detidas em distritos policiais, o que faz o Paraná ser o estado que enfrenta a maior crise carcerária do país.

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O presidente da Associação dos Delegados do Paraná (Adepol), João Ricardo Képes Noronha, classificou Júlio Reis como “um delegado competente, correto, trabalhador e que busca a união de todos em torno da causa”, mas destacou a principal expectativa da Polícia Civil: “Esperamos a solução de questões importantes, como o aumento de recursos humanos para a PC e a retirada de presos das delegacias, mesmo que para este último tópico tenha que ser substituído o chefe do Depen”, destacou.

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O Sindicato das Classes da Polícia Civil (Sinclapol) apoiou a nomeação do novo secretário e destacou que espera que ele possa cumprir alguns “compromissos” assumidos por Mesquita – principalmente, a remoção dos presos das delegacias. “No momento em que estávamos com compromissos firmados com o Mesquita, seria ideal que ele continuasse. Mas com a ascensão do dr. Júlio Reis, a gente tem certeza de que essa programação vai ser mantida”, disse o presidente do Sinclapol, Fábio Barddal.

Secretário pode ter gestão-relâmpago

Apesar de todo o apoio das entidades ligadas às forças de segurança, Júlio Reis pode ter uma gestão-relâmpago de dois meses. Isso porque o governador Beto Richa tem até abril para decidir se abre mão do cargo para disputar a eleição ao Senado. Se isso ocorrer, a vice Cida Borghetti (PP) assumiria como governadora e – conforme consta dos bastidores – teria outra indicação à Sesp.