A decisão dos rumos a serem tomados no Litoral do Paraná – com forte efeito na economia do estado – passa pelo planejamento para conciliar interesses financeiros, ambientais e sociais. Para ajudar a construir um modelo que seja benéfico para todos, o Banco Mundial contratou o Plano de Desenvolvimento Sustentável (PDS), que está sendo elaborado desde o início de 2018 com previsão de conclusão e entrega para o começo de 2019, já na gestão de Ratinho Junior no governo do estado.
Ao custo de R$ 4,8 milhões, o estudo levantou inúmeros indicadores (como aspectos educacionais, habitacionais e de saneamento) e ouviu diversos representantes locais, buscando identificar potenciais não explorados e problemas que afetam a região litorânea. A partir disso, serão apontados modelos indicando áreas de investimentos e consequências de cada escolha ao litoral.
VEJA TAMBÉM: A situação portuária do Paraná e as perspectivas para o futuro
Potencial enorme a ser explorado
O arquiteto e urbanista Taco Roorda, coordenador do plano de desenvolvimento do litoral, não tem dúvidas de que o estado não explora adequadamente as riquezas da costa. “Tem um potencial absurdamente grande, tanto do ponto de vista ambiental, como em atividades econômicas a serem estimuladas, que hoje não beneficiam os moradores locais”, diz.
Ele afirma que a vocação portuária do Paraná é muito clara, mas precisa ser acompanhada de visão estratégica, planejamento e gestão para que haja distribuição de renda. Segundo Roorda, a aplicação de recursos em algumas atividades direcionadas, por exemplo, pode irradiar o desenvolvimento. “O litoral tem uma população sofrida que não se beneficia nem do potencial nem do que já existe”, diz.
Novos investimentos portuários e seus impactos
Os modelos que serão entregues para o governador Ratinho Júnior (PSD) consideram os cenários com e sem novos investimentos portuários. Um novo porto privado está previsto para Pontal do Paraná, exclusivo para contêineres, e outro em Paranaguá, com perfil multicargas. São projetos bilionários, que pretendem ampliar a opção de embarque e desembarque de mercadorias no estado.
“É preciso pensar o que vem junto com esse aumento previsto de movimentação. Hoje já causa impactos, que podem crescer muito”, reforça o especialista Taco Roorda.
O urbanista destaca ainda a necessidade de fazer investimentos para mudar a forma como as cargas chegam e saem do Porto de Paranaguá. “Dobrar a capacidade de movimentação hoje significaria dobrar a quantidade de caminhões na rodovia. É isso que queremos?”, questiona.
Resposta está no planejamento
Roorda enfatiza que atualmente a atividade portuária gera problemas em escala, mas não produz desenvolvimento regional. Segundo ele, são necessárias ações compensatórias e mitigadoras pensadas para estimular a economia local, como o turismo, atualmente focado apenas no veraneio. “Hoje há uma discussão entre fazer ou não fazer, mas não sem considerar o como fazer.”
A resposta é o planejamento. O especialista pondera que o porto de Roterdã, na Holanda, um dos maiores do mundo, tem um parque ambiental ao lado. “Dá para conviver, mas não pode ser de qualquer jeito.”
A situação é complexa: a população não tem infraestrutura pública nem vantagens por estar em uma das áreas ambientais mais preservadas e com maior potencial econômico; a paisagem e a vida costeira seriam profundamente impactadas por maior atividade portuária, mas atualmente a competição com estados vizinhos está levando parte das cargas para outros portos. “Hoje as forças se opõem e se entrincheiraram. Mas, se a gente puder promover o diálogo, vamos construir uma solução conjunta”, afirma Roorda.
CONFIRA TAMBÉM: O Paraná pode ter dois novos portos. Há demanda para isso?
Deixe sua opinião