Foto descontraída na Alep com o deputado Elio Rusch, não reeleito: “o futuro a Deus pertence”.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

“O futuro a Deus pertence.” A frase, mais clichê impossível, é do deputado estadual Elio Rusch (DEM) que, após 42 anos de atividade parlamentar, não conseguiu se reeleger para mais um mandato na Assembleia Legislativa do Paraná. E dá a medida do que passa pela cabeça de alguns dos colegas que estão nos estertores de um período legislativo.

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Entre os 25 paranaenses que tentaram se reeleger à Câmara Federal, 15 seguem para mais uma legislatura. No Legislativo estadual, 40% dos 54 eleitos seguem para mais um mandato.

Sem as sessões parlamentares, projetos e gabinetes a partir de fevereiro de 2019, o que farão os políticos paranaenses que estarão fora da próxima legislatura? A reportagem consultou alguns dos que saem de cena e perguntou quais os planos para o futuro.

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Volta à advocacia

 

O paranaense Osmar Serraglio (PP) é um dos que se despede da Câmara dos Deputados. Ex-ministro da Justiça, ele obteve pouco mais de 64,5 mil votos; em 2014, foram mais de 117 mil. “Vou advogar”, diz o ainda deputado federal. “Claro, se aparecer alguma situação em que eu possa continuar o trabalho no serviço público, vou continuar. Mas hoje, neste momento, é advogar”, afirma.

Serraglio conta que entre as propostas que já aparecem para sua carreira como advogado está uma vaga de diretor jurídico em uma empresa, que prefere não revelar qual é. E que terá bastante trabalho pela frente já nos primeiros meses longe do parlamento.

Mas ele não descarta, daqui a dois anos, tentar concorrer à prefeitura de Umuarama, seu berço eleitoral. “Tem gente lá em Umuarama provocando, mas a gente vai depender do quadro”, diz. “Sabe Deus quem vai sair [como candidato]. Tem seis ou sete nomes que se prenunciam como candidato”, detalha. “Eu estou dependendo da evolução dos fatos.”

“Não posso jogar minha história na lata do lixo”

 
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Com pouco mais de 35,4 mil votos, Nereu Moura (MDB) não conseguiu garantir mais um mandato na Alep. Mas ele garante que segue na vida pública. “Pretendo continuar na política, claro”, responde, enfático. E descarta a aposentaria . “Eu construí uma história [na vida pública]. Não posso simplesmente jogar essa história na lata do lixo.”

Em junho de 2018, a Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Paraná condenou Moura por contratar uma funcionária fantasma para o gabinete da liderança do partido. A história tem origem em 2000, quando o deputado foi líder da bancada do MDB na Assembleia.

Moura avalia ainda a possibilidade de concorrer à prefeitura de Curitiba ou tentar novamente uma cadeira na Alep. Seguir apenas como militante no partido é outra opção. Sua meta passa, segundo avalia, por ajudar a reconstruir a legenda, “que está parcialmente distribuída no Paraná”. E garante que quer um tempo para amadurecer de que modo deve atuar a partir de 2019, quando estará sem mandato. “Minha ideia é ajudar a reconstruir [o MDB], torná-lo novamente competitivo.”

De olho na suplência

 

“Eu estou há muitos anos na vida pública e é lógico que, um dia, iria sair”, conta Elio Rusch, que destaca ter vivido 42 anos de mandatos em sequência, sem interrupção. Segundo o deputado, a previsão da coligação Paraná Firme, composta por DEM, PP, PTB, PSDB e PSB, era fazer de 18 a 20 deputados. “Fizemos só 14. Fiquei em 15º, na primeira suplência”, conta, dizendo que nesses casos há até uma perspectiva de voltar eventualmente à vida parlamentar. “Então é difícil dizer agora o que vou fazer ou não.”

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Ele descarta, no momento, uma eventual candidatura a prefeito de Marechal Cândido Rondon, sua base política, em 2020. E diz que, como democrata, precisa respeitar o resultado das urnas.

Consultoria

 

Após sete mandatos como deputado federal, Luiz Carlos Hauly (PSDB) também não conseguiu se reeleger. “Vou fazer atividade privada”, diz o tucano, apressado, pelo celular, perguntado sobre o futuro fora do parlamento.

“Vou abrir uma empresa de consultoria, trabalhar com advogados, economistas, administradores, projetos internacionais, nacionais, o que vier. Não sei, só o tempo vai dizer”, deixa no ar.

Relator da reforma tributária, Hauly recebeu pouco mais de 35 mil votos, contra 85 mil do pleito anterior.

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Decisão vinda na religião

 

O deputado pastor Edson Praczyk (PRB) é parte do grupo de parlamentares que não tentou reeleição. Pastor da Igreja Universal do Reino de Deus e deputado por cinco mandatos, o político disse que sua decisão de não seguir na vida pública veio da entidade religiosa. “Como sou submisso a um conselho de pastores e bispos do meu segmento, esse conselho entendeu que eu tinha de ser substituído por uma outra pessoa; ele concorreu, ganhou e estará no próximo mandato”. O escolhido pela igreja foi o empresário Alexandre Amaro, do mesmo partido, eleito com 49,5 mil votos.

Com o fim da legislatura, pastor Edson aguarda direcionamento do mesmo conselho sobre seu futuro na Igreja Universal, se assumirá a liderança de uma das igrejas, se vai trabalhar na parte administrativa ou se vai ajudar os deputados da instituição que foram eleitos.

“Fico subordinado à sede estadual da minha igreja, como pastor auxiliar. Então auxilio até a virada do ano, quando darão o norte dos rumos que vou tomar”, disse à reportagem em dezembro. O deputado lembra que só se candidatou a primeira vez porque a liderança da igreja entendeu que ele tinha perfil para ocupar uma vaga na Alep.

Em 2016, Pastor Edson foi acusado pelo Ministério Público de contratar funcionários fantasmas para seu gabinete.

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O fim de uma era?

 

Figura histórica da política paranaense, Roberto Requião encerra seu mandato de senador pelo MDB em 1º de fevereiro de 2019. Mesmo tendo liderado as pesquisas até a véspera da eleição, perdeu a disputa para o Senado – ficou em terceiro lugar, com apenas 15% dos votos, atrás dos eleitos Oriovisto Guimarães (Podemos) e Flávio Arns (Rede).

Reportagem de Célio Martins publicada na Gazeta ouviu analistas políticos e pessoas ligadas ao senador, que governou o Paraná por três mandatos. Requião preferiu não dar entrevista. Para o filho dele, o deputado estadual Requião Filho, a não reeleição não significa a aposentadoria do pai, mas que, pelo menos por enquanto, ele não deve disputar outra eleição. “O Requião vai continuar sendo a referência do MDB. Não existe MDB do Paraná sem o Requião. A médio prazo, eu vejo que ele pode voltar a disputar eleição, mas a curto prazo não”, entende.

O cientista político Doacir Quadros, professor do grupo Uninter, concorda com o filho do senador. “Ele teve uma derrota eleitoral, mas isso não significa o fim de sua trajetória política”, pondera.

Já o sobrinho de Requião e candidato derrotado ao governo do estado, João Arruda, a derrota do tio nas urnas pode, sim, significar o fim de uma era. “Um cara que tem uma história como o político mais vitorioso do Paraná e uma grande participação no cenário político nacional, talvez seja o momento de ele descansar um pouco e contribuir de outras maneiras, opinando, sugerindo, incentivando candidaturas”, avalia.

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A prefeitura de Curitiba não estaria nos planos de Requião, garantem interlocutores. Ainda assim, a avaliação é que, a depender do cenário político, o senador poderia concorrer ao Executivo da capital em 2020.