O Ministério Público (MP) do Paraná e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) deflagraram, na manhã desta quinta-feira (5), a Operação Sinecuras, com 19 mandados de prisão preventiva em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba. Também estão incluídos dois mandados de prisão temporária e outros 22 de busca e apreensão.
Estão envolvidos na operação dois ex-prefeitos da cidade: Rui Sérgio de Souza, que já estava preso, e Olizandro José Ferreira, que não foi encontrado. O MP o considera foragido, mas a defesa afirma que ele está viajando. A prisão de Ferreira foi decretada na terça-feira (3) por conta dos crimes de organização criminosa, corrupção passiva e corrupção ativa enquanto era prefeito de Araucária.
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Também estão envolvidos três vereadores com mandato e outros sete ex-vereadores do município. Os outros mandados de prisão preventiva são contra um ex-secretário da prefeitura, três ex-servidores municipais, um empresário e dois corretores de imóveis.
Já os mandados de prisão temporária atingem um empresário e uma ex-diretora financeira da Companhia de Habitação (Cohab). As buscas e apreensões foram realizadas em gabinetes da Câmara Municipal de Araucária, em uma empresa de Curitiba e em 18 residências.
No total, 14 pessoas foram presas. Entre elas, estão os vereadores Wilson Roberto David da Mota (PSD), conhecido como Betão; Vanderlei Francisco de Oliveira (DEM), o Vanderlei Cabeleireiro, e Francisco Carlos Cabrini (PP) . Também foi preso o ex-secretário do governador Beto Richa (PSDB) Edson Casagrande, que atua como empresário.
Segundo promotor do Gaeco Fernando Cubas César, cerca de R$ 9 milhões teriam sido desviados nos três esquemas investigados. Quebras de sigilo bancário, delação premiada e vídeos dos repasses embasaram as investigações, de acordo com o promotor.
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Pagamento de propina
As investigações apontaram que os agentes públicos receberam pagamentos para a compra de projetos no Executivo que eram de interesse de empresas privadas. De acordo com o MP, eram pagos aproximadamente R$ 120 mil mensais para os vereadores. O esquema funcionou entre janeiro de 2013 e julho de 2016, somando cerca de R$ 5 milhões pagos em propina.
Vídeo divulgado pelo MP mostra o vereador Betão e o ex-vereador Josué Kersten recebendo dinheiro do ex-secretário de governo de Araucária, João Caetano Saliba Oliveira. De acordo com as autoridades, trata-se de pagamento de propina.
Outra denúncia diz respeito à aquisição de um imóvel por R$ 1,84 milhão pela Companhia de Desenvolvimento de Araucária (Codar), valor que era superfaturado. Por conta disso, os dois ex-prefeitos, servidores da Codar e os proprietários do imóvel tiveram os bens sequestrados pela Justiça.
Outro ponto investigado é a permuta de sete imóveis de empresas privadas por dois da Cohab, o que teria envolvido pagamento de propina.
A operação é um desdobramento de outra investigação, a Fim de Feira. Deflagrada em dezembro de 2016, a investigação mirava irregularidades cometidas por Ferreira durante sua gestão na prefeitura.
Outro lado
A defesa de Olizandro José Ferreira afirma que ele está viajando e não foragido.
Ao portal G1, a defesa dos vereadores Vanderlei Francisco de Oliveira (DEM) e Francisco Carlos Cabrini (PP) informou que está se inteirando do processo e que os parlamentares “estão dispostos a colaborar nas investigações”. Já a assessoria do vereador Betão disse que, no momento, não vai se manifestar sobre o ocorrido.
O advogado do ex-vereador Josué Kersten, que aparece no vídeo do MP, disse ao portal G1 que seu cliente nega as acusações. De acordo com ele, as imagens mostram um empréstimo e não o pagamento de propina.
O diretor-geral da Câmara de Araucária, Cleber Soczek de Souza, disse que acompanhou as ações do Gaeco na Câmara, mas que ainda não houve notificação oficial a respeito da operação. Por isso, afirma que não pode se posicionar a respeito dos vereadores presos ou do vídeo que mostra o pagamento de propina aos parlamentares.
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