A chefia do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) em Cornélio Procópio, no Norte Pioneiro, foi alvo de uma operação policial, coordenada pelo Ministério Público, para cumprir mandados judiciais de busca e apreensão, na tentativa de reunir provas sobre supostas licenças ambientais concedidas irregularmente.
Além do escritório do IAP, também foram realizadas buscas na casa da chefe regional, Maria das Graças Dias Midauar, suspeita de conceder ao menos 26 autorizações, de empreendimentos que totalizam R$ 50 milhões, em tempo recorde – algumas com menos de 20 minutos. Isso sem ter conhecimento técnico sobre o assunto, já que ela teria apenas o ensino médio completo, de acordo com a apuração.
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Suspeitas
No último mês, três regionais do IAP (Cornélio Procópio, Maringá e Jacarezinho) foram colocadas sob suspeita depois de que o Tribunal de Contas do Estado (TCE-PR) analisou os processos de licenças ambientais e determinou que o Instituto parasse de emitir autorizações sem que mais do que um servidor analisasse o caso.
O promotor Francisco Ilídio Lopes conta que a operação ganhou o nome de Revoada, em função de uma outra investigação que já está em curso no Ministério Público. Ele comenta ainda que, ao saber sobre a decisão do TCE-PR, reuniu uma série de suspeitas que pesavam sobre a gestão do escritório regional e conseguiu a autorização judicial para buscar os originais dos procedimentos.
Autos de emissões de licenças foram encontrados também na casa da chefe regional, que está no cargo há três anos. O promotor acrescenta ainda que dois servidores prestaram depoimentos e que a percepção preliminar, reforçada por funcionários, é de que o escritório regional funcionava em total desorganização. Segundo Lopes, a maior parte dos empreendimentos liberados por Maria das Graças eram loteamentos.
Procurado pela Gazeta do Povo, o IAP informou que atendeu a determinação do TCE-PR e que abriu sindicância para investigar os casos. A reportagem está buscando localizar a defesa de Maria das Graças, mas não obteve contato até o momento. O espaço segue aberto para manifestações.
Operações
Não é a primeira vez que o IAP é alvo de uma operação policial. Em 2015, o Ministério Público conseguiu autorização para fazer buscas e apreensões na casa do presidente do IAP, Luiz Tarcísio Mossato Pinto. A situação sobre emissões supostamente irregulares de licenças ambientais segue em investigação.
No caso de Cornélio Procópio, outra operação policial está relacionada à investigação: a chefe regional teria sido indicada para o cargo pelo irmão, o empresário Paulo Midauar, envolvido nas operações Voldemort, sobre desvios na área de manutenção de veículos, e Publicano, sobre irregularidades praticadas por auditores da Receita Estadual.
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