O sistema de transporte coletivo de Curitiba será investigado pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e pelo Grupo Especializado na Proteção do Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa (Gepatria), ambos vinculados ao Ministério Público do Paraná (MP-PR). As apurações terão como ponto de partida as declarações prestadas em colaboração premiada pelo advogado Sasha Reck, que mencionam a licitação do transporte público na capital paranaense. Preso e denunciado na Operação Riquixá, Reck foi advogado do Sindicato das Empresas de Transporte de Curitiba e Região (Setransp).
A parte do depoimento de Reck que faz alusão à licitação de ônibus de Curitiba passou a fazer parte da Operação Riquixá nesta segunda-feira (5). As investigações são consideradas desdobramento da Riquixá e continuam a ser conduzidas pelo núcleo do Gaeco de Guarapuva. Uma das responsáveis pelo caso, a promotora Leandra Flores disse que as novas diligências serão definidas a partir da análise das informações prestadas pelo advogado Sasha Reck na colaboração premiada.
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“Nós acabamos de receber [o depoimento do advogado] e juntamos aos autos. Ainda não tomamos medidas investigatórias, que serão definidas em seguida. As investigações continuam no âmbito da Riquixá”, afirmou a promotora.
A licitação de ônibus de Curitiba foi realizada em 2010 e, nos anos seguintes, passou por uma série de questionamentos. Uma auditoria da própria Urbanização Curitiba S/A (Urbs) e uma CPI conduzida pela Câmara apontaram indícios de que o certame havia sido direcionado às empresas que ganharam a concessão do serviço. O Tribunal de Contas do Estado também considerou que houve irregularidades e recomendou o cancelamento da licitação.
Por meio de nota, o Setransp disse que “desconhece o teor das declarações do referido advogado e não recebeu nenhuma notificação formal. Portanto, a entidade não vai se pronunciar”.
A operação
A Operação Riquixá foi deflagrada em junho do ano passado, em Guarapuava. Em sua primeira fase, os promotores denunciaram 22 pessoas, entre as quais o ex-prefeito da cidade Luiz Fernando Ribas Carli; o advogado Sasha Reck; o irmão dele, Alex Reck; e o pai destes, Garrone Reck. Sócios de empresas de ônibus também foram denunciados.
Segundo o Gaeco, os acusados formaram uma organização criminosa, especializada em cometer irregularidades em sistemas de transporte. Entre os crimes denunciados, estão crime de responsabilidade (cometido pelo então prefeito); fraude em licitação e falsificação de documento público.
A Riquixá também se estendeu por outras cidades do Paraná, como Maringá, Foz do Iguaçu e Curitiba. As investigações chegaram até o Distrito Federal, onde o grupo também teria agido. Em uma segunda fase da operação, foram cumpridas uma série de prisões em diversos estados.
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