A queda de braço entre prefeitura de Curitiba e os servidores do município tem mais um capítulo nesta terça-feira (13), data marcada para análise de parte dos projetos do pacote de ajuste fiscal, enviados pela administração municipal à Câmara de Vereadores. A estratégia dos sindicatos do funcionalismo agora é impedir a entrada de parlamentares e servidores legislativos no Palácio Rio Branco, sede da Casa.
Segundo relatos de vereadores que tentam adentrar o prédio, há muita pressão por parte dos manifestantes, com xingamentos. Um deles, Tico Kuzma (Pros) postou no Twitter que conseguiu entrar na Câmara antes de começarem as barricadas de servidores. Na mesma rede social, o líder do prefeito na Casa, Pier Petruziello (PTB) criticou os manifestantes, chamando-os de radicais.
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Em entrevista a reportagem, Katia Dittrich (Solidariedade) afirmou que vários dos vereadores já entraram, mas com muita dificuldade. Maria Manfron (PP) disse que foi empurrada ao tentar acessar o prédio da Câmara. Já Marisa Letícia (PV) afirmou que foi “agredida por baderneiros, porque eu não acredito que são professores. Me xingaram, me ofenderam (...) só não me feri fisicamente porque o segurança da Câmara foi agredido em me lugar”, disse ela.
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A grade que cercava o Palácio Rio Branco foi derrubada pelos servidores, que se aglomeram também na escadaria de acesso ao prédio. Há uma greve geral em andamento contra o trâmite das medidas.
Em entrevista coletiva, o presidente da Casa, Serginho do Posto (PSDB), disse que a sessão de votação não tem hora para acabar. Ele afirmou ainda que foram feitas 24 reuniões oficiais para discutir os projetos com os sindicatos. Segundo ele, a estratégia de servidores de impedir a entrada do prédio e atacar vereadores é um “tipo de hostilidade inaceitável”.
Com quórum mínimo atingido, a sessão foi iniciada por volta das 9h15 e encerrada logo em seguida. Vai haver uma reunião entre vereadores; o secretário municipal de Defesa Social, Algacir Mikalovski, e o coronel da Polícia Militar (PM) que comanda o policiamento no entorno da Câmara.
Vereadores são ilhados e forçados a sair do local
Dois vereadores da base do prefeito Rafael Greca - Sabino Picolo (DEM) e Tito Zeglin (PDT) - foram ilhados por manifestantes e forçados a recuar em sua tentativa de entrar na Câmara. O clima segue muito tenso no local.
O ajuste fiscal
As propostas mais duras do Plano de Recuperação de Curitiba, como o pacote é chamado pela administração municipal, recaem sobre os servidores. Entre elas estão a suspensão dos planos de carreira e do pagamento do reajuste anual; a limitação do gasto com pessoal a 70% do crescimento da Receita Corrente Líquida; o aumento da contribuição previdenciária de 11% para 14%; e a criação de um fundo de previdência complementar, além da devolução de R$ 600 milhões que a prefeitura afirma terem sido pagos indevidamente do instituto de previdência dos servidores para os cofres municipais.
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Apenas duas medidas extrapolam a relação entre o município e o funcionalismo: o aumento da alíquota de ITBI para imóveis entre R$ 140 mil e R$ 300 mil e a desvinculação da taxa de lixo da cobrança do IPTU, que permite o aumento do valor e a cobrança da taxa de mais contribuintes, que atualmente são isentos do imposto predial.
Servidores da Câmara aderem ao protesto
Vários servidores da Câmara Municipal aderiram ao protesto. Entre os setores afetados estão a TV Câmara, a taquigrafia e a sonoplastia. O vereador Bruno Pessuti (PSD) virou um quebra-galho para conseguir fazer o sistema de som do plenário funcionar.
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