Com o objetivo de diminuir o trânsito de caminhões nas rodovias e também o valor do frete no transporte de cargas, o governo do Paraná pretende construir uma nova ferrovia no estado. O projeto, feito em parceria com o governo do Mato Grosso do Sul, será oficialmente lançado na terça-feira (28), em São Paulo, em busca de empresas interessadas em fazer o estudo técnico, econômico e ambiental para fazer dois ramais ferroviários: um de Dourados (MS) a Cascavel e outro de Guarapuava a Paranaguá. No meio dos dois trechos há a linha férrea operada pela Ferroeste.
A intenção é oferecer uma alternativa viária. De Guarapuava a Paranaguá, a nova ferrovia seria paralela à BR-277. O transporte ferroviário no trecho é feito atualmente pela concessionária Rumo, que passaria a ter concorrência. No entendimento da Secretaria de Planejamento do Paraná, mesmo com uma concessão já vigente – pelo governo federal, com vencimento previsto para 2027 –, o estado teria direito a, dentro de seu território, fazer uma licitação e conceder a operação para a iniciativa privada. A construção de mil quilômetros de linha férrea é estimada em de R$ 10 bilhões.
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Uma das principais justificativas é reduzir a quantidade de caminhões circulando. Atualmente, menos de 20% das cargas que chegam ao porto de Paranaguá viajam de trem. Além do alto número de acidentes e do custo elevado para quem paga o frete, a movimentação de veículos pesados danifica o pavimento e prejudica o meio ambiente – com queima de combustíveis e emissão de gases. A proposta de traçado já tem uma discussão prévia com ambientalistas, principalmente para encontrar as melhores opções para cortar o trecho de Serra do Mar.
Em nota, a Rumo afirma que projeto é inviável
“Desde a fusão com a ALL, concluída em abril de 2015, a Rumo vem realizando um trabalho de revitalização e expansão logística de grande impacto em suas malhas. Já foram investidos R$ 2 bilhões somente na Malha Sul, com a aquisição de material rodante (46 novas locomotivas, 378 novos vagões) e melhorias significativas na via permanente. Esses investimentos permitiram um crescimento de 60% no volume de grãos transportado até o Porto de Paranaguá nos três primeiros trimestres de 2017 em comparação com o mesmo período de 2016. Entre 2015 e 2016, houve uma redução de 35% no número de acidentes na Malha Sul. Portanto, a operação ferroviária da Rumo na região sul do País não se encontra defasada. Existe, sim, uma restrição de capacidade no trecho Guarapuava-Ponta Grossa. O projeto de recapacitação desse trecho prevê a injeção de R$ 1,7 bilhão por parte da Rumo. É importante ressaltar, contudo, que responsabilidade do transporte entre Cascavel e Guarapuava é da Ferroeste, que mantém uma frota de locomotivas e vagões obsoleta, inviabilizando o atendimento da demanda da região. Além disso, o projeto da construção de uma ferrovia ao lado de uma já existente se mostra inviável. Levá-lo adiante demandaria grandes investimentos e um longo tempo de construção, além de entraves para obtenção de licenciamento ambiental. A Rumo já tem um plano robusto de expansão de sua malha, que permitirá atender toda a demanda do Paraná com prazo e custos menores. A Companhia segue investindo na operação ferroviária, criando novos empregos, gerando desenvolvimento, garantindo o escoamento da safra agrícola e colaborando de forma positiva para a balança comercial nacional.”
Ferroeste contesta obsolescência
De acordo com o presidente da Ferroeste, João Araújo, atualmente o que impede a FERROESTE de transportar mais é a existência de dois grandes gargalos no trecho administrado pela Rumo:
“O primeiro gargalo está localizado entre Guarapuava e Ponta Grossa que, embora tenha transportado menos de 400 mil toneladas este ano, está com 100% de sua capacidade operacional utilizada. Já o segundo gargalo é a descida da Serra do Mar, com 91 % da capacidade tomada, ou seja, com pouca possiblidade de ampliação. ”, explica João.
Os dados de capacidade citados por Araújo são atestados pela declaração de rede da Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) .
Ele disse ainda que existe um Contrato de Operação Específico (COE) - assinado pela Ferroeste e pela Rumo - que estabelece um volume anual a ser transportado. “Para que se tenha ideia, este ano a Rumo não atingiu 50 % do volume pactuado no COE”, completa o presidente da Ferroeste.