A Polícia Nacional do Paraguai deportou para o Brasil na madrugada deste sábado (12) seis integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). De acordo com o Ministério do Interior do Paraguai, eles fugiram de uma penitenciária da região metropolitana de Curitiba, em janeiro, e ajudaram a organizar o assalto à transportadora de valores Prosegur em Ciudad del Este, no fim de abril.
Eles foram presos em ações coordenadas nesta semana em uma fazenda de gado da cidade de Lorito Picada, vizinha de Pedro Juan Caballero. Pelo menos 19 integrantes da facção foram detidos entre terça-feira (8) e quinta-feira (10) junto de armas de fogo, coletes a prova de balas, celulares, uma mira telescópica, rádios de comunicação e drogas.
Rafael Bruno Rodrigues, um dos presos deportados, de acordo com a agência EFE e o jornal paraguaio ABC Color, teria envolvimento direto com Diego Santos Silva, conhecido como Coringa, considerado o cérebro do assalto ao transportador de valores Prosegur. Silva foi morto pelos policiais brasileiros durante a fuga. A polícia de São Paulo apontava Diego como um dos principais integrantes da facção desde 2010.
Rodrigues e outros dois presos também são investigados pelo ataque a um carro forte em 18 de julho na região do Chaco Paraguaio. Ele ocupava a cela 511 da galeria B da penitenciária paranaense, que abriga as principais lideranças da facção no estado.
Para fugir da Penitenciária Estadual de Piraquara, em janeiro, os bandidos serraram as grades e escaparam para o pátio externo utilizando terezas (cordas feitas com lençóis). Do lado de fora, outros membros da facção explodiram parte de um muro, por onde os presos passaram. Dos 28 que conseguiram escapar, dois morreram durante a troca de tiros com policiais militares e agentes do SOE.
O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI) considerou neste sábado (12) que a prisão dos criminosos do PCC no Paraguai, e a transferência deles para o Brasil, decorrem de ações de segurança e inteligência do governo federal. Em nota, o GSI aponta o apoio dos órgãos brasileiros de investigação para a ação no Paraguai.
“No escopo da cooperação federal de combate a organizações criminosas, em particular contra facções com atuação no Rio de Janeiro, a Polícia Nacional do Paraguai prendeu e deportou integrantes do PCC com o apoio da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e da Polícia Federal (PF)”, diz a nota. “No caso do Paraguai, a cooperação de inteligência permitiu a coleta de dados e o intercâmbio de informações”.
A Secretaria e Segurança Pública do Paraná (Sesp) confirmou à Gazeta do Povo que entre os detidos estão fugitivos da unidade de Piraquara.
O mega-assalto de abril culminou no roubo de US$ 11,7 milhões (cerca de R$ 37,5 milhões). Esse valor foi revelado pelo Ministério Público do Paraguai. A polícia brasileira já recuperou cerca de US$ 1,5 milhão (cerca de R$ 4,8 milhões) após capturar 14 suspeitos. Três morreram ao tentar cruzar a fronteira.
Os assaltantes usaram dinamites para entrar na empresa e incendiaram ao menos 15 veículos para distrair a polícia. A sede da Prosegur fica a apenas 4 km da Ponte Internacional da Amizade, que liga Ciudad del Este e Foz do Iguaçu. Mais de 50 integrantes da facção criminosa participaram do assalto.
Nesta sexta-feira (11), uma outra operação da Polícia Federal contra o PCC aconteceu em Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, e prendeu quatro integrantes. Segundo a PF, a residência onde eles foram presos era usada para reuniões sobre o tráfico de drogas na região da fronteira. A residência também servia de acomodação a membros do alto escalão da facção.
Foram apreendidas duas armas longas, três pistolas, 442 munições de fuzil e 229 de pistola, carregadores, coletes balísticos, US$ 6 mil, drogas e uma caminhonete blindada.
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