A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) confirmou nesta quinta-feira (23) que a vacina contra a dengue fabricada pelo laboratório francês Sanofi-Pasteur, a Dengvaxia, é contraindicada para pessoas que nunca tiveram a doença, e determinou alterações na bula no prazo máximo de 30 dias.
A decisão da Anvisa foi tomada a partir de pesquisas realizadas pelo próprio fabricante. A partir de dados colhidos sobre o uso da vacina, ao longo de cinco anos, o laboratório francês concluiu que a aplicação só traz efetividade para as pessoas que já tiveram dengue, causada por algum dos quatro subtipos do vírus.
Já aquelas pessoas que nunca tiveram contato com o vírus passam a apresentar um risco maior de desenvolver um quadro mais grave da doença, quando tomam a vacina e, posteriormente, contraem dengue.
Aplicada no Paraná
A Dengvaxia foi registrada no Brasil em 28 de dezembro de 2015 e o Paraná foi o único estado brasileiro a adquirir a vacina, já aplicada em parte da população desde meados de 2016.
Procurada nesta quinta-feira (23) pela Gazeta do Povo, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informou por meio de nota que a vacina contra a dengue só foi oferecida nos 30 municípios paranaenses “que enfrentaram epidemias sucessivas e grande magnitude de casos, ou seja, nas cidades com intensa circulação viral”.
“Tendo em vista que entre 75% e 80% dos casos de primeira infecção por dengue são assintomáticos, pode-se afirmar que a população desses municípios foi submetida ao vírus da doença, mesmo sem o diagnóstico confirmado”, continuou a Sesa.
A pasta informou que foram vacinadas 308.918 pessoas contra a dengue no Paraná. Do total, 144.545 completaram o esquema vacinal com três doses aplicadas. Também assegurou que a Secretaria da Saúde monitora as pessoas vacinadas nos 30 municípios e que não registrou “nenhuma reação adversa grave”. “Somente foram notificadas reações locais leves”, completou a pasta.
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A Sesa também disse que “ainda não definiu novas campanhas de vacinação contra a dengue” no Paraná, mas que “vai garantir a oferta da vacina àqueles que iniciaram seu esquema vacinal”.
Questionada sobre o caso do Paraná pela Gazeta do Povo, a Anvisa disse apenas que acompanha a situação e que “qualquer pessoa, independentemente de ter sido ou não vacinado, deve procurar assistência médica em caso de suspeita de dengue”.
Adequação da bula
O prazo máximo para a adequação no texto da bula é de 30 dias. Com relação a lotes da vacina já em circulação, a empresa deverá comunicar aos seus clientes sobre a determinação da Anvisa. Também deverá apresentar um plano com estratégias de minimização de riscos e acompanhamento de pessoas já vacinadas.
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Histórico
Desde o final de 2017, a própria Anvisa, por “precaução”, já havia feito uma recomendação contra o uso da vacina por aqueles que nunca tiveram contato com o vírus da dengue. Naquela época, já havia estudos preliminares que apontavam para a restrição. A contraindicação, contudo, só foi confirmada agora, a partir da conclusão das pesquisas.
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