A Procuradoria-Geral da República (PGR) vai enviar ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) nos próximos dias o pedido de abertura de inquérito contra o governador Beto Richa (PSDB) em virtude das delações da Odebrecht, que apontam supostas doações via caixa 2 ao tucano nas campanhas de 2008, 2010 e 2014. O mesmo deve ocorrer em relação a outros oito governadores. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.
Delator relata R$ 2,5 milhões de caixa 2 da Odebrecht a Richa em 2014
Avisados de que a lista para abertura de investigações está perto de ser finalizada pela PGR, ministros do STJ aguardam o envio do material desde a semana passada. Os pedidos já deverão vir acompanhados de solicitação de diligências, quebras de sigilo e oitivas dos investigados e testemunhas, a serem cumpridas pela Polícia Federal.
No caso que envolve Richa, o ex-presidente de Infraestrutura da Odebrecht Benedicto Jr. relatou à Operação Lava Jato que a empreiteira doou R$ 2,5 milhões via caixa 2 à campanha de reeleição do tucano em 2014. Em troca, a empresa abateria esse montante do projeto de duplicação da PR-323 − rodovia do Noroeste do estado −, cujo consórcio responsável era encabeçado pela empreiteira baiana. Na prestação de contas do último pleito disputado por Richa à Justiça Eleitoral, não há registro de doações da Odebrecht.
Já segundo Valter Lana Júnior, que ocupou o cargo de diretor-superintendente Sul da empreiteira, Richa ainda teria se beneficiado de R$ 100 mil de caixa 2 da Odebrecht em 2008, quando disputou a prefeitura de Curitiba, e de outros R$ 450 mil em 2010, quando se elegeu governador pela primeira vez.
Defesa de Richa
Sempre que é questionado sobre as delações da Odebrecht, Richa diz que não se pronuncia sobre o assunto e que a resposta deve ser dada por seus tesoureiros de campanha. Tanto Fernando Ghignone, que atuou em 2008 e 2010, quanto Juraci Barbosa Sobrinho, responsável pelas contas de 2014, negam as acusações e dizem que todos os recursos que abasteceram as campanhas foram legais e aprovados pela Justiça Eleitoral. Eles classificam as delações como “falsas, inverídicas e fantasiosas”.
Lista
Além de Richa, serão alvos dos pedidos de abertura de inquérito Luiz Fernando Pezão (PMDB-RJ), Fernando Pimentel (PT-MG), Flávio Dino (PCdoB-MA), Geraldo Alckmin (PSDB-SP), Marcelo Miranda (PMDB-TO), Raimundo Colombo (PSD-SC), Marconi Perillo (PSDB-GO) e Paulo Hartung (PMDB-ES).
A relativa demora em relação ao envio do material ao STJ – os casos com foro no Supremo Tribunal Federal (STF) foram encaminhados em 14 de março – teriam relação com a recente decisão da Suprema Corte sobre a necessidade do aval das assembleias legislativas para abrir investigação contra governadores. No início deste mês, o tribunal finalmente decidiu que não é necessária a permissão, o que fortaleceu a posição da investigação e a sua continuidade.