Pepe Richa, irmão de Beto Richa, foi preso pelo Gaeco na operação Patrulha Rural| Foto: Daniel Catellano/ Gazeta do Povo/ Arquivo

Pepe Richa, irmão do ex-governador e candidato ao Senado Beto Richa (PSDB), preso na terça-feira (11) sob suspeita de fraudar a licitação do programa Patrulha Rural, foi transferido na noite desta quarta (12) para o regimento da Polícia Montada da Polícia Militar do Paraná, no bairro Tarumã, para onde Beto e a esposa, Fernanda Richa, já haviam sido levados no dia da prisão. Segundo o Departamento Penitenciário (Depen), ele deixou o Complexo Médico Penal (CMP), em Pinhais, às 20h40.

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Até as 10h45, a reportagem ainda não havia conseguido apurar o motivo da transferência. A defesa também não foi localizada.

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Pepe Richa foi secretário de Infraestrutura do Paraná e é um dos 15 envolvidos no escândalo trazido à tona pela operação Rádio Patrulha, do Grupo de Atuação Especial em Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do Ministério Público do Paraná (MP-PR).

A investigação apontou Beto Richa como o chefe de uma organização que fraudou a licitação do programa estadual Patrulha no Campo, cujos contratos previam a contratação de maquinários para manter e reparar as estradas rurais do Paraná. No esquema, a licitação foi direcionada para quatro empresas que repassavam propinas aos agentes públicos.

Os documentos mostram que Pepe Richa foi um dos designados pelo irmão para implementar o esquema. O juiz Fernando Fischer, que determinou a prisão dos suspeitos, menciona uma conversa gravada em 12 de dezembro de 2012 entre dois empresários beneficiados, Pepe Richa e o ex-deputado estadual e agora delator Tony Garcia, na qual eles tratam do porcentual da propina.

Ao portal G1, a defesa de Pepe Richa informou que só vai se manifestar nos autos.

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Regimento

O regimento onde estão Beto, Fernanda e Pepe Richa fica no Tarumã. A Polícia Militar não passou qualquer informação sobre a estrutura interna do espaço, mas sabe-se que o casal está em salas separadas. É bem provável que Pepe também tenha sido levado para um ambiente próprio, já que, nesta terça, o Gaeco havia alertado que o contato entre o casal poderia atrapalhar as investigações.

De acordo com informações repassadas por uma fonte que conhece o regimento, há dois possíveis locais onde os suspeitos devem estar. A probabilidade maior é que eles tenham ficado num conjunto de dormitórios próximo às baias.

Ainda segundo a fonte, as salas do local não são salas específicas para detenção, mas para uso de majores e coroneis em plantão. Cada sala tem uma cama, televisão e o banheiro é privativo – embora ao portal G1 a PM tenha dito que os detidos não tenham acesso à TV. Do lado de fora, há um corredor onde se pode caminhar.

Fontes extraoficiais confirmaram ainda à Gazeta do Povo que, pelo menos nesta terça, Richa e Fernanda não comeram a alimentação servida no batalhão, mas receberam comida de fora.

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Sem habeas corpus

Nesta terça-feira, o desembargador Laertes Ferreira Gomes, do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), negou habeas corpus para libertar Beto e Fernanda Richa. Na decisão, o magistrado afirma que a prisão é necessária para evitar que eles e os demais detidos deturpem a investigação que está em curso, orientando testemunhas e destruindo ou alterando documentos. Também cita ser inevitável a adoção de medidas amargas a quem tem desprezo aos órgãos públicos e sempre acredita na impunidade. A defesa do casal pretende recorrer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Envolvidos negam acusação

A defesa do ex-governador Beto Richa e de Fernanda Richa informa que não há razão para a prisão, especialmente em período eleitoral, segundo a advogada Antônia Lélia Neves Sanches. Ela completa que Richa está sereno e sempre esteve à disposição para esclarecimentos. De acordo com a advogada, não há vedação de prisão por conta do período eleitoral, “mas há oportunismo”.