Curitiba é a capital brasileira que melhor responde à qualidade dos serviços públicos. A conclusão é de um estudo divulgado na última terça-feira (7) que ponderou, entre os cem municípios com maior população no país, médias nas áreas de educação, saúde, segurança e saneamento e sustentabilidade. Embora o indicador faça Curitiba subir em posições em relação ao mesmo ranking publicado em 2006, educação e segurança ainda se mostram como os grandes obstáculos do município.
Para fechar este ranking, a pesquisa Desafios da Gestão Municipal (DGM) mediu os serviços prestados pelo poder público municipal em índices que variam de 0 a 1, sendo quanto mais próximo de 1, melhor o desempenho atingido. Entre todas as cem cidades analisadas, Maringá, no Noroeste do Paraná, foi a que melhor alcançou a pontuação geral, defendendo seu título de cidade com melhor qualidade de vida.
Veja os índices alcançados por Curitiba
Na média geral, Curitiba alcançou pontuação de 0,697, que a deixa como a capital melhor colocada, mas apenas como a 11ª entre todas as avaliadas no índice geral. Além de Maringá, em primeiro, Piracicaba e São José do Rio Preto, em São Paulo, entraram no pódio das três mais bem ranqueadas, com, respectivamente, 0,748 0,739 e 0,738 pontos.
DESEJOS PARA O PARANÁ: planejamento de longo prazo
O estudo mostra que, entre 2006 e 2016, as políticas voltadas para saúde e também saneamento e sustentabilidade continuaram como as mais bem avaliadas de Curitiba. Quando à saúde, a capital chegou a uma pontuação de 0,682 – passando de 13º para 10º lugar na lista. Mas o melhor desempenho do município veio com saneamento e sustentabilidade. Neste quesito, o índice chegou a 0,948, pontuação que levou a cidade de 10º para 7º lugar no ranking específico desta área.
Paradoxo
Por outro lado, educação e segurança continuam segurando Curitiba em uma posição mais abaixo na avaliação, mesmo que estas tenham sido as áreas em que, conforme o estudo, a capital mais evoluiu na última década. Neste período, o desempenho das políticas educacionais pulou de 0,405 para 0,588 pontos, o que fez com que a cidade deixasse o 45º lugar na classificação e passasse a ocupar o 36º.
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Em relação a número de assassinatos e mortes no trânsito, Curitiba também melhorou, mas ainda sem alcançar níveis capazes de levá-la a posições de destaque na lista. De lá para cá, a cidade passou da 72ª para a 47ª posição nesta área (de 0,596 para 0,724 pontos), atingindo um índice de 29,4 homicídios por 100 mil habitantes. Em 2006, esta taxa era de 40 mortes por 100 mil habitantes
Flávio Bortolozzi Junior, professor de Sociologia do Direito e Criminologia do curso de Direito da Universidade Positivo (UP), avalia que, mesmo com o recuo da quantidade de mortes violentas na última década, Curitiba ainda não tem o que comemorar. “Comparado com as demais capitais, ainda é um índice bastante alto. Se for pegar o Rio de Janeiro, os índices são bem parecidos [25,8 mortes por 100 mil habitantes], mas é que a localidade que mata ou morre nesta cidade pertence a grupos específicos”, comenta.
DESEJOS PARA O PARANÁ: eficiência na gestão
O professor explica que, por isso, é preciso levar em conta a sensação de insegurança percebida pela própria sociedade na hora de pensar em política de combate à criminalidade bem como deixar de enxergar as taxas como uma leitura homogênea da região. “Esses dados não são distribuídos de forma isonômica na sociedade. Há bairros que muito mais violentos que outros; cidades da região metropolitana com taxas bem maiores. E por isso é interessante pensar em formas de lidar com essas mortes a partir de uma perspectiva direcionada”, explica.
E as ocorrências desiguais de casos violentos em Curitiba são fatos. A Cidade Industrial de Curitiba (CIC) e o Tatuquara estão no topo da lista dos bairros curitibanos com o maior número de assassinatos nos três primeiros meses deste ano, de acordo com dados da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) divulgados em junho. Juntas, as duas localidades concentram pouco mais de um quarto (26%) dos 80 casos de homicídios dolosos, latrocínios e lesão corporal registrados no município entre janeiro e março de 2018 – em um cenário não muito diferente dos anos anteriores e que tem mais a ver com a falta de desigualdades do que com a deficiência na estrutura de segurança.