Um policial militar foi preso preventivamente (de novo) na última quinta-feira (25), acusado de 14 homicídios em Tamarana, na região metropolitana de Londrina, Norte do Paraná. Além dos assassinatos, Marcelo Bonfim Ledo, de 38 anos, teria tentado matar outras oito pessoas. O mandado de prisão temporária foi expedido pela Justiça de Londrina devido às acusações e relatos de testemunhas, que informaram que o suspeito usava um rifle com silenciador para atirar de seu carro contra as vítimas. Segundo a Polícia Militar (PM), o soldado estava afastado da corporação desde 2012, diagnosticado com transtorno depressivo.
De acordo com o delegado Ricardo Jorge, da Delegacia de Homicídios de Londrina, o caso começou a ser investigado no meio do ano passado, quando foi observado que descrições de testemunhas sobre o autor dos assassinatos convergiam para um mesmo nome: o policial Marcelo Ledo. “Ele já possuía uma ação penal por um homicídio em 2012 que estava em andamento”, comentou. A 1ª Vara Criminal de Londrina já havia decretado três prisões preventivas em outubro de 2017, quando o policial foi preso pela primeira vez. Em novembro e dezembro mais três pedidos foram decretados. No entanto, por força de um habeas corpus, o PM foi solto no dia 31 de dezembro.
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Investigação
“Em outubro realizamos algumas buscas domiciliares em Tamarana e apreendemos várias armas, entre elas uma Winchester 22 com silenciador, um revólver 38 e uma espingarda 12”, relatou o delegado. Um teste balístico mostrou que o revólver apreendido, de propriedade do soldado, foi o mesmo utilizado contra uma das vítimas.
No decorrer das investigações, um suposto comparsa do policial foi preso em Londrina e, em meio à colaboração premiada, relatou as 22 tentativas de homicídio, das quais 14 resultaram em mortes.
Sete vítimas possuíam antecedentes criminais, mas outras, como Thiago (sobrenome não informado), eram inocentes. “Em dezembro, outro decreto de prisão preventiva foi emitido devido a uma vítima que estava rastejando e tomou um tiro no abdômen: Thiago. A bala atingiu o cabo do rastelo antes e ele não morreu”, contou. “Até o dia 30 de fevereiro deve ser concluído um dos inquéritos e outros 17 ainda estão em andamento”.
Outro crime aconteceu durante o dia, em frente à prefeitura da cidade. Em nota, a administração municipal de Tamarana ressaltou que as demandas da segurança pública têm o governo do estado como principal responsável, mas disse lamentar o fato de a cidade voltar a figurar de forma negativa na mídia em razão da ocorrência de uma série de assassinatos no município durante os últimos meses. Em 2012, Tamarana já havia sido apontado como uma das 100 cidades mais violentas do país pelo “Mapa da Violência no Brasil”.
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Para o promotor Ricardo Domingues, os indícios apontam a autoria do policial nas 14 mortes e oito tentativas de homicídio na cidade. “A prisão preventiva foi decretada por um dos inquéritos dos 18 que ele responde”, contou.
Em nota, a Polícia Militar afirmou que “todas as demais ações judiciais e inquéritos policiais a que o militar em tela responde não passaram pelas competências da Administração Militar, cabendo salientar que há processos que estão sendo conduzidos em segredo de justiça, segundo levantamentos feitos pela Corregedoria-Geral da Polícia Militar”. Marcelo Ledo está preso em Curitiba, no Quartel-Geral da PM.
Outro lado
Os advogados de Marcelo Ledo afirmaram também por nota que “diante da repercussão do caso envolvendo nosso cliente, cumpre-nos apenas destacar que além dos processos estarem tramitando em segredo de justiça, eles estão na fase de investigação, ou seja, qualquer juízo de valor, neste momento, é prematuro e atenta contra os princípios constitucionais do contraditório, da ampla defesa e da presunção de inocência”.
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