Hoje no centro das críticas por conta do impacto que deve gerar nas eleições de 2018, o “autofinanciamento” já representou uma fatia significativa na campanha de quatro anos atrás, mesmo com as doações empresariais ainda autorizadas. Levantamento feito pela Gazeta do Povo, a partir de dados apresentados pelos políticos à Justiça Eleitoral no ano de 2014, revela que mais de R$ 10 milhões foram injetados pelos atuais deputados federais do Paraná nas suas campanhas (veja quadro).
Isso representa quase 20% da receita total registrada pelos 32 paranaenses (30 titulares mais dois suplentes hoje em exercício). Parte do valor é “estimado” - ou seja, não se trata de transferência eletrônica, cheque ou depósito em espécie, e sim de uma estimativa de valor de um bem ou de um serviço doado.
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Embora a grande maioria, 26 dos 32, tenha utilizado recursos próprios naquela campanha, quase a metade dos R$ 10 milhões foi desembolsada por apenas quatro parlamentares: Edmar Arruda (PSD), que doou mais de R$ 2,6 milhões para a própria campanha; além de Nelson Padovani (PSDB), Toninho Wandscheer (PROS) e Alfredo Kaefer (PSL), que injetaram mais de R$ 1 milhão, cada um.
Do grupo, a prestação de contas de Edmar Arruda chama mais atenção: o autofinanciamento de R$ 2.637.497,02 representa uma grande fatia (88%) do total de doações registradas por ele, R$ 2.991.353,66.
Edmar Arruda, Nelson Padovani e Alfredo Kaefer estavam entre os paranaenses mais ricos da bancada, levando em consideração a declaração de bens apresentada por eles à Justiça Eleitoral naquele ano de 2014 (veja quadro).
Outros seis políticos informaram não terem tirado nenhum dinheiro do próprio bolso, caso de Christiane Yared (PR), que foi a parlamentar eleita com o maior número de votos dentro da bancada do Paraná.
Também não registraram uso de recursos próprios o peemedebista João Arruda, Luciano Ducci (PSB), Luiz Nishimori (PR), Rubens Bueno (PPS) e Ricardo Barros (PP), atualmente licenciado do mandato para comandar o Ministério da Saúde.
Apesar disso, doações de cônjuges apareceram no levantamento: Luciano Ducci, por exemplo, ganhou mais de R$ 100 mil de Marry Salette Ducci; João Arruda recebeu cerca de R$ 45 mil de Paola Malucelli de Arruda; Gilmar Yared destinou mais de R$ 15 mil para Christiane Yared.
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Polêmica
Em 2014, as doações de empresas às campanhas eleitorais ainda eram permitidas. Agora, em outubro, quando ocorrerá a primeira eleição geral sem dinheiro de pessoas jurídicas, os políticos devem se socorrer ainda mais ao autofinanciamento.
A expectativa era de que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estabelecesse um limite para o uso de recursos próprios. Mas, no início do mês, o TSE publicou uma resolução permitindo que os candidatos financiem inteiramente suas campanhas com dinheiro do bolso. A decisão tem gerado protestos, já que o sistema de autofinanciamento beneficia os candidatos ricos.
Sem doações de empresários, o autofinanciamento e também o dinheiro do “fundão eleitoral”, aprovado no ano passado, deverão ser as principais alternativas aos candidatos de outubro.
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