Desde que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está preso na superintendência da Polícia Federal (PF), em Curitiba, a capital paranaense se tornou o foco da peregrinação de políticos. Não é de hoje, porém, que nomes do Paraná têm saído em defesa de Lula, seja participando de atos organizados pelo Partido dos Trabalhadores (PT) ou dando declarações a seu favor.
Alguns deles são nomes previsíveis. Nada mais natural que Gleisi Hoffmann, presidente do PT, defenda o ex-presidente. A senadora foi, inclusive, escolhida por Lula como sua porta-voz enquanto ele estiver preso.
Outros nomes do PT também têm marcado presença no entorno da PF: Dr. Rosinha, presidente estadual do PT; Angelo Vanhoni, que já foi deputado federal pelo partido; e a vereadora Professora Josete (PT), que cumpre mandato na Câmara de Vereadores de Curitiba.
A parlamentar, inclusive, já sofreu retaliações na Casa legislativa municipal: os demais vereadores não aceitaram a justificativa de Josete para faltas a três sessões da Câmara. Nos dias 26, 27 e 28 de março ela estava na caravana que o ex-presidente fez pelo Sul do país – e, por isso, teve o salário descontado em R$ 1,5 mil.
Rejeição no estado
“Esses personagens já têm a imagem vinculada a Lula. Com isso, enfrentarão dificuldades de outras ordens nas eleições deste ano. Como o PT é um partido que não tem apelo no Paraná, os desafios são mais estruturais do que relacionados à conjuntura”, explica o professor Doacir Quadros, do curso de Ciência Política da Uninter.
Prova disso é o presidente da legenda no estado, Dr. Rosinha. Pré-candidato ao governo do Paraná, ele teve mau desempenho na primeira pesquisa de intenção de voto do ano sobre a corrida pelo Palácio Iguaçu.
De acordo com os resultados do Ibope, Dr. Rosinha é o campeão em rejeição: 53% dos entrevistados disseram que não votariam nele de jeito nenhum. Veja mais detalhes sobre a pesquisa aqui.
Transferência de votos
Outros políticos, entretanto, não estão necessariamente colados ao ex-presidente, mas têm se associado a ele voluntariamente. É o caso do senador Roberto Requião (PMDB), que tem defendido o petista com veemência. Nesta terça-feira (10), por exemplo, o paranaense fez um pedido para visitar o ex-presidente junto com uma caravana de políticos. No entanto, a solicitação foi negada.
“O Requião tem uma história política que se aproxima muito do governo do PT. Ele sempre teve um posicionamento crítico em relação ao Poder Judiciário e próximo a Lula, o que faz com que o movimento dele, atualmente, seja natural”, diz Quadros.
De acordo com o professor, se Lula estivesse solto, haveria a possibilidade de transferência de votos com a participação do petista nas campanhas, especialmente nas eleições proporcionais.
“O partido não é forte no estado, mas tem seu percentual de eleitores – que muitas vezes é suficiente para eleger candidatos a deputado, por exemplo”, explica. Com Lula longe dos palanques, porém, esse potencial pode se esvair – colocando à prova as vantagens que políticos como Requião podem obter com o apoio.
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