A economia paranaense apresentou alguns índices positivos recentemente, como a alta na produção industrial e taxa de emprego acima da média nacional. Mesmo assim, o PIB do Paraná não deve subir tanto em 2017, segundo as projeções mais recentes. Mas, afinal, por que há esse descolamento?
Segundo dados do IBGE, nos primeiros sete meses do ano, a indústria do Paraná teve crescimento de 3,9%, o melhor desempenho do país – a média nacional foi de 0,8%. Os destaques foram a produção de máquinas e de automóveis. A taxa de ocupação no estado, por sua vez, chegou a 58,6% no segundo trimestre do ano, com aumento de 1 ponto porcentual em relação aos três meses anteriores e estável na comparação com o segundo trimestre de 2016.
Na média brasileira, a situação do emprego é mais crítica: nível de ocupação de 53,7%, também em tendência de alta no ano (alta de 0,6%), mas ainda abaixo do registrado em 2016 (diferença de 0,9 p.p.). A taxa de desemprego nacional é de 13%, contra 8,9% no Paraná.
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Em um estudo divulgado no dia 12 de setembro, porém, o Paraná não se sai tão bem. O Banco Santander estima que a economia paranaense cresça 1,7% neste ano. Está acima da média nacional, projetada em 0,5%, mas é apenas a sétima colocação entre as unidades da federação. Mato Grosso (5,1%), Maranhão (3,1%) e Mato Grosso do Sul (2,4%) são os líderes do ranking.
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O desempenho desses estados está diretamente relacionado à expectativa de supersafra para o ano, com recordes na produção de soja e milho. Apesar de o Paraná também ser um estado com vocação agrícola, o peso do agronegócio no PIB não é tão grande. No Mato Grosso, por exemplo, as riquezas do campo correspondem a 28% de toda a economia. No caso do Paraná, o peso do setor é de 9,2%.
Outro fator que afeta o desempenho do Paraná em 2017 é a base de comparação. Em 2016, ano de forte recessão, o estado foi o que se saiu melhor no país – no caso, foi o menos pior. O PIB foi de -2,4%, contra uma média nacional de -3,3%.
“Agora em 2017, o Paraná não é um grande destaque, mas está melhor que a média, e se for considerado o resultado nos dois anos, também se saiu melhor do que a maioria dos estados”, pontua Everton Gomes, economista do Santander.
O Santander tem feito projeções regionais como forma de adiantar os dados oficiais do IBGE, divulgados com quase dois anos de diferença. Estimativas feitas anteriormente pelo banco foram confirmadas pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), que calculou que o PIB de 2016 teve queda de 2,4%. Para 2017, o órgão estima crescimento de 1,5%, um pouco abaixo do projetado pelo Santander.
Obstáculo
Um dos entraves para a economia paranaense deslanchar é que ela depende bastante do desempenho do setor de serviços – o peso dele no PIB é de 63%. “Nesse caso a recuperação depende da evolução do mercado de trabalho. Mas, uma vez que as taxas de juros estão em queda e a confiança do empresário está voltando, a tendência é de aumento do emprego, para daí as pessoas voltarem a demandar mais serviços”, explica Gomes. Segundo o Ipardes, no acumulado dos quatro trimestres, a agropecuária paranaense cresceu 7,8%, a indústria, 1,1% e o setor de serviços teve variação de -1,4%.
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Gomes destaca que os resultados estaduais de 2017 serão bem dispersos, mas que a tendência é de um crescimento mais uniforme para 2018 no Brasil. “A recuperação começa em um ou outro setor, isso faz com que seja mais concentrada em poucos estados. No ano que vem deve ocorrer um movimento mais uniforme”, observa. Ele destaca que a indústria automotiva, até por ter sido duramente atingida pela crise, já começa a apresentar sinais de melhora.
No dia 12 de setembro, o Ipardes divulgou que a economia paranaense cresceu 1,6% no primeiro semestre de 2017. Segundo o diretor-presidente do órgão, Julio Suzuki Júnior, com dois trimestres seguidos de crescimento, o Paraná tecnicamente já saiu da recessão que perdurava desde o fim de 2015.
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