Evento tradicionalmente restrito a filiados e correligionários da capital, a posse da nova direção do PT de Curitiba ganhou contornos de convenção nacional do partido. No início da noite desta terça-feira (9), a menos de 24 horas do depoimento de Lula ao juiz Sergio Moro, as maiores lideranças da legenda estiveram presentes na capital do estado e fizeram da cerimônia um ato de desagravo ao ex-presidente da República.
Aos presentes, a senadora paranaense Gleisi Hoffmann disse que a posse torna Curitiba a “central de resistência democrática em defesa do maior líder popular” que o Brasil teve na história recente.
Realizado na sede do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil, o evento contou com a presença do presidente nacional do PT, Rui Falcão; do senador Lindbergh Farias (RJ); do líder do partido na Câmara Federal, Carlos Zaratini (SP); dos deputados federais Zeca Dirceu (PR), filho do ex-ministro José Dirceu, e José Guimarães (CE), irmão do ex-parlamentar José Genoino; além de deputados estaduais, vereadores e outras lideranças locais da legenda.
Ataques à Lava Jato
Negando que a cúpula petista tenha vindo a Curitiba para o confronto, Gleisi Hoffmann afirmou que o objetivo do partido é jogar luz sobre a afronta ao estado democrático de direito e a criminalização de Lula. “Não podemos aceitar isso de forma passiva, porque o processo da Lava Jato não está sendo conduzido da maneira que deveria ser conduzida. Ele está sendo politizado e espetacularizado por quem comanda a operação”, declarou. “Não somos contra a Lava Jato, mas ela não pode ter lado. Não pode servir para criminalizar a política e politizar o Judiciário brasileiro.”
Já o novo presidente do PT de Curitiba, André Castelo Branco Machado, disse que a Lava Jato é o segundo round da luta enfrentada pelo partido. “O golpe começou com o mensalão, quando tentaram culpar o PT por vícios do sistema”, afirmou. Ele declarou que, para conter esse “desmonte”, é preciso dar uma resposta imediata: “É Lula já”.
Além de declarações de apoio ao ex-presidente, os petistas criticaram as prisões preventivas decretadas pela operação citando o caso de José Dirceu, que foi solto na semana passada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) depois de permanecer preso preventivamente por quase dois anos. “Curitiba está sendo um palco enorme da luta contra as forças do atraso, que estão tentando implantar um estado de exceção, fazendo valer o desejo de um juiz e de alguns procuradores”, atacou o deputado federal Carlos Zaratini.
Também houve críticas à decisão do juiz Sergio Moro – e confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF4) – de rejeitar o pedido da defesa de Lula para gravar o depoimento dele ao magistrado.
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