A forte pressão feita pelos servidores municipais na Câmara de Curitiba durante a terça-feira (13), dia em que deveria ser votado o pacote de ajuste fiscal de Rafael Greca (PMN), não foi suficiente para demover a base de apoio do prefeito. Por enquanto, os aliados de Greca tiveram apenas uma baixa declarada: o vereador Marcos Vieira (PDT), que abandonou o barco governista e declarou apoio aos sindicatos municipais.
Nas contas de Pier Petruzziello (PTB), líder no governo na Câmara, o pacote conta com o apoio sólido de, pelo menos, 23 vereadores. Com 20 votos, a base aliada consegue aprovar todos os projetos enviados pela prefeitura.
Em um cenário mais otimista, do ponto de vista de Petruzziello, a base chega a 25 parlamentares. A diferença na contagem decorre dos efeitos que a decisão da executiva municipal do PDT de fechar questão contra o pacote pode gerar sobre os vereadores do partido.
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O posicionamento do PDT, partido cujo principal líder na capital é o ex-prefeito Gustavo Fruet, foi anunciado por meio de nota.
“Reunida na manhã desta quarta-feira (14), a executiva municipal do PDT de Curitiba decidiu fechar questão para orientar que sua bancada na Câmara Municipal vote contra os projetos do prefeito Rafael Greca”, diz o texto.
Dos cinco parlamentares pedetistas, dois já declararam estar fora da base: Goura e Marcos Vieira. A posição do vereador Tito Zeglin ainda é indefinida e os outros dois vereadores do PDT, Toninho da Farmácia e Zezinho do Sabará eram, até então, contabilizados na lista de apoiadores de Greca.
Segundo o líder da bancada pedetista na Câmara, Zezinho do Sabará, a decisão da legenda ainda deve ser analisada pelos vereadores. “Até agora faço parte da base do prefeito, vamos reunir a bancada e decidir o posicionamento junto com os outros vereadores”, disse.
A indefinição da bancada mesmo após uma posição do partido não é exclusividade dos vereadores pedetista. O PSD, partido do deputado Ney Leprevost, também fechou questão contra o pacote, mas ainda assim tem parlamentares dissidentes. Bruno Pessuti defende publicamente as medidas de ajuste e a posição do vereador Jairo Marcelino segue indefinida, o que tem gerado críticas da base aliada.
A principal consequência das manifestações de terça-feira nas negociações partidárias da Câmara foi o acirramento dos embates entre base e oposição. A relação, que já vinha caminhando com muitas dificuldades de interlocução, foi agravada na medida em que as posições de defesa e ataque ao Executivo foram extremadas. Nos bastidores, o tom das críticas, que vinham sendo feitas no nível da atuação parlamentar, subiu e chegou a agressões pessoais e acusações mútuas de favorecimento.
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