Em pouco mais de cinco meses de gestão, a saúde passou de principal promessa de campanha de Rafael Greca para maior fonte de problemas e desafios para a administração municipal. Premido por dívidas de cerca de R$ 200 milhões com fornecedores e prestadores de serviços, o sistema de saúde de Curitiba tem sofrido com falta de medicamentos e insumos e atraso na reforma e construção de equipamentos.
A situação limite gera tensões. De um lado os fornecedores relutam em fornecer medicamentos e insumos sem que as dívidas de exercícios anteriores sejam pagas e, de outro, os cidadãos e profissionais de saúde sofrem com a lotação e longas horas de espera nas Unidades de Pronto Atendimento 24 horas.
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Segundo o secretário municipal de Saúde, João Carlos Baracho, nos momentos de maior movimento, a espera nas UPAs chegava a quatro horas. Ele afirma que um reforço no número de profissionais de plantão implantado no dia 28 de abril fez com que a situação melhorasse e essa média, nos últimos dias, não ultrapassou duas horas.
A insatisfação desses primeiros meses se reflete no número de queixas feitas ao 156. Em março foram 1.660 reclamações relativas ao atendimento em UPAs e Unidades Básicas de Saúde. O número é 68% maior que a média mensal dos seis meses anteriores. Em abril as queixas caíram 38% em relação ao mês anterior.
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Falta de remédio e insumos
Na área da saúde, as reclamações sobre falta de medicamentos foram as que mais cresceram no 156 em 2017. Atualmente há 20 remédios que estão em falta nos postos de saúde curitibanos. Segundo o secretário de saúde, no início do ano, eram 39. Para Baracho, o medo dos fornecedores de não receber o pagamento, gerado pelas dívidas anteriores, é o principal motivo para falta de medicamentos.
Atualmente, nos postos de saúde os cidadãos não encontram, por exemplo, analgésicos e antitérmicos como paracetamol e dipirona. Além de medicamentos faltam também materiais de trabalho, como curativos especiais.
A expectativa de João Carlos Baracho é que até o fim de maio esta situação esteja resolvida. “Já temos um novo processo licitatório e agora a gente pode falar em estoques reguladores. A ideia é ter estoque de três meses de insumos e medicamentos. Quando ele reduz para dois meses a gente já começa uma nova compra para recompor”, explica o secretário.
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Atraso na entrega de UBS e UPAs
No início do ano o prefeito Rafael Greca prometeu entregar em um prazo de três meses as UPAs Tatuquara, em construção, e CIC, que passa por reformas. Cinco meses depois da promessa, nenhum dos equipamentos foi entregue.
O secretário de Saúde informou que a UPA do Tatuquara será entregue até o fim do mês de maio. Já sobre o equipamento da CIC, não há previsão exata. Em um documento enviado à Câmara Municipal no dia 2 de maio, em resposta a um requerimento do vereador Zezinho do Sabará (PDT), o prefeito afirmou que tendo em vista a situação orçamentária do município “não há como estabelecer uma previsão para reabertura do local”.
O atraso também acontece na construção da Unidade de Saúde Jardim Aliança, que foi apontada como prioridade pela equipe de Greca no início da gestão. O prazo para conclusão da obra era 28 de abril, mas no dia 2 de maio, apenas 84% estavam prontos. Baracho garante que a obra será concluída até o mês de julho.
Fechamento UPA e UBS
No dia 29 de abril, a UPA da Matriz – que funcionava ao lado do Hospital de Clínicas (HC), no bairro Alto da Glória, em Curitiba – deixou de funcionar como Unidade de Atendimento 24 horas. Ainda que a prefeitura não chame a mudança de fechamento, já que a estrutura segue funcionando como parte do Hospital de Clínicas, o cidadão habituado a buscar a Unidade para atendimento não poderá mais fazê-lo.
Segundo a prefeitura, a UPA Matriz nunca existiu oficialmente. “Ela nunca foi credenciada e reconhecida como UPA pelo Ministério da Saúde, o que significa dizer que o município jamais recebeu recursos para mantê-la”.
Na sexta-feira (5), outro equipamento de saúde precisou ser fechado pela prefeitura, ainda que temporariamente. A Unidade Básica de Saúde (UBS) Medianeira, no bairro Boa Vista, precisou ser fechada depois que três idosos que tomaram a vacina contra a gripe na unidade foram internados em hospitais da capital com quadros de infecção. O posto ficará fechado para que a prefeitura apure o que causou este problema.
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