A tecnologia da internet das coisas pode chegar aos espaços turísticos de Curitiba em breve. Um projeto de lei proposto pelo então vereador Thiago Ferro (PSDB) deve permitir que locais, como parques e praças e museus, utilizem o QR Code para disponibilizar informações aos visitantes. A ideia é que a prefeitura gere links na internet com dados sobre pontos turísticos e históricos da cidade. A proposta foi aprovada na Câmara Municipal em primeira votação na segunda-feira (18) e, depois, em segunda votação na terça-feira (19). Agora, o projeto de lei será encaminhado para a análise e sansão do prefeito Rafael Greca (PMN).
Para Thiago Ferro - que neste mês assumiu a presidência da Fundação de Ação Social -, o QR Code é uma ferramenta importante para facilitar a comunicação e a informação de logradouros públicos, monumentos, praças e nomes de rua. Por isso, nasceu a discussão da ideia de incrementar ações turísticas com o uso da ferramenta. Durante a sessão de segunda-feira, o vereador disse que vem conversando com o Instituto Municipal de Turismo sobre isso há um ano e meio. A ideia original era a criação de um sistema na prefeitura que interligasse todos os pontos turísticos, locais públicos, pontos de ônibus e demais prédios públicos com a tecnologia. Segundo a assessoria do vereador, no entanto, o formato foi mudando para não interferir de forma direta na gestão municipal e terminou como um objetivo a ser inserido dentro da Lei do Turismo.
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A ementa aprovada na Câmara acrescenta o inciso XIV ao art. 3º da Lei Municipal nº 14.115, de 17 de outubro de 2012, que dispõe sobre a Política Municipal do Turismo de Curitiba. Basicamente, o texto pede a inserção e a sistematização das informações turísticas, históricas, culturais e ambientais nos diversos espaços da cidade, tais como praças, monumentos, parques, teatros, museus, calçadas históricas, edificações tombadas, placas de logradouro e estações tubo, primando pelo uso de tecnologias inteligentes, como o QR Code, com o intuito de aproximar e propagar o conhecimento aos turistas e moradores.
De acordo com o projeto, para dar acesso ao código deve haver um painel de fácil visibilidade e acesso fixado nos locais de interesse da prefeitura. O painel QR Code conterá informações históricas e de relevância sobre os espaços, lugares ou homenageados. De preferência, o sistema estará em no mínimo três línguas: português, inglês e espanhol.
Na Câmara, Thiago Ferro citou exemplos de ruas como a XV de Novembro e a Prudente de Moraes, no Centro Histórico, que já usam a tecnologia do QR Code com a presença de totens interativos. Ele também mencionou os mapas da prefeitura voltados para crianças, dentro do projeto “Curta Curitiba Piazada”, que trazem pelo código informações complementares sobre como aproveitar as atrações da cidade. “Com apenas um QR Code vem um vídeo, vem uma história daquele lugar que facilita tanto para o turista, como por exemplo aos estudantes curitibanos, para conhecer a história daquele lugar”, disse ao site da Câmara. Ferro também lembrou que a Galeria de Vereadoras de Câmara utiliza o recurso para contar a história das mulheres na política de Curitiba.
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Chance de se tornar lei
Um indicativo de que o projeto deverá ser sancionado foi o apoio do líder do prefeito na Câmara, vereador Pier Petruzziello (PTB), que parabenizou a iniciativa durante a primeira votação da proposta, na segunda-feira (18). Petruzziello também mencionou a importância do trabalho que vem sendo desenvolvido pelo Instituto de Turismo.
Na mesma sessão, a presidente do Instituto Municipal de Turismo, Tatiana Turra, falou dos projetos implementados pela prefeitura na área, com foco na inovação e no QR Code. Ela disse que o setor de turismo, já há algum tempo, trabalha em uma linha de destinos turísticos inteligentes, em que se busca a conectividade do turista e a experiência dele com a informação. Tatiana Turra lembrou, ainda, que, há dois anos, a Paraná Turismo colocou Curitiba como potencial destino turístico inteligente do estado.
“A administração tem uma diretriz voltada para a inovação, com o exercício de pensar diferente. No turismo, há um alinhamento para se trabalhar com a ideia de cidades inteligentes, com vertentes voltadas para a tecnologia. A lei virá para ampliar essas ações”, disse a presidente do Instituto. Segundo Tatiane, desde janeiro de 2017, os materiais de divulgação turística de Curitiba apresentam códigos QR Code. “Mantemos o nosso portal de turismo atualizado com informações complementares de listagem de restaurantes, costumes, feiras de orgânicos entre outras. O objetivo é atrair o turista e gerar movimento e interesse pelas atrativos locais, tanto para quem nos visita, quanto para quem mora aqui”, apontou.
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Projeto Arquivo
Uma iniciativa ligada ao curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), chamada Projeto Arquivo, também prevê o uso de QR Code em prédios históricos de Curitiba. Um grupo composto por mais de 560 alunos – liderados por professores – está catalogando o patrimônio histórico da cidade e disponibilizando as informações em um site. Embora não tenha relação com a ideia da nova lei aprovada na Câmara, o portal está sendo alimentado aos poucos com todas as pesquisas realizadas desde 2011, que, no futuro, devem estar disponibilizadas por QR Code em frente a todas as construções.
O projeto tem o apoio da prefeitura de Curitiba por meio do programa “Rosto da Cidade”, que tem como meta resgatar o Centro da cidade como área para moradia, turismo, lazer, comércio e prestação de serviços.
Cidade inteligente
Mesmo o projeto de lei do QR Code sendo uma iniciativa válida, para professor doutor Ricardo Mendes Junior, do programa de pós-graduação em Gestão de Informação da UFPR, a questão para tornar uma ação como essa inteligente não é só o QR Code, que já é uma tecnologia consolidada, mas o tipo de conteúdo que se vai acessar. “Se ele tiver um vídeo, ele não seria algo inteligente. Isso poderia estar em uma rede social do órgão público. Essa ideia de inteligência tem que passar, por exemplo, pela ideia de geolocalização do ponto turístico, já mostrando o entorno, pontos de ônibus, e pela integração de informações. Aí, se torna interessante, quando a inteligência vai um pouco além de conteúdo”, explicou.
Para Mendes Junior, esse seria o aspecto mais importante da ideia de integração proposta pela lei. “É o maior desafio para o serviço público. Isso não é corriqueiro nas prefeituras, mesmo no exterior não tem muito esse tipo de integração. Num futuro concreto, é possível apostar na tecnologia do QR Code aliada à realidade aumentada, com conteúdo manipulável, imagem 3D ou mapas interativos. Seria quase uma internet das coisas”, conclui.
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QR Code
O QR Code é um código de barras em 2D que pode ser escaneado pelos aparelhos celulares com câmera fotográfica. Com a ajuda de um aplicativo, ocorre a decodificação que leva a um link com conteúdo sobre o assunto.