A busca por alternativas para tentar evitar a construção da Faixa de Infraestrutura no litoral está motivando a elaboração de um anteprojeto com opções de traçados, que sejam menos invasivos – sem avançar no trecho preservado de Mata Atlântica – e mais voltados a incentivar o desenvolvimento turístico em Pontal do Paraná.
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A proposta está em elaboração pelo Instituto Atmosfera 2, escritório especializado em obras com preocupação urbanística, disposto a doar a maior parte do projeto. O restante dos custos, que envolvem a captação de imagens por drone, estimados em R$ 20 mil, devem ser bancados por um grupo de empresários e moradores. A proposta tem o apoio do Movimento Salve a Ilha do Mel, respaldado por duas dezenas de organizações que apontam os impactos negativos da construção da Faixa, principalmente se for para dar respaldo ao projeto de instalação de um porto em Pontal.
À frente do projeto de traçados alternativos está o arquiteto Gilmar de Lima, que está avaliando três alternativas. Todas têm um ponto em comum: a duplicação de 6 quilômetros no trecho da PR-412 entre Pontal do Sul e Shangri-lá. Por ser uma área com menos adensamento imobiliário, teria espaço disponível para uma segunda pista de cada lado.
A partir daí, estão em levantamento as possibilidades mais adequadas. Uma envolve a construção de uma terceira faixa na PR-412, de Shangri-lá até o acesso à PR-407. O governo estadual sempre alegou que duplicar toda a PR-412 seria inviável, por causa das caras desapropriações que seriam necessárias no trecho urbano de Pontal do Paraná, mas o levantamento feito agora pelo Instituto indica que construir uma pista adicional seria viável. Além disso, em período de temporada e alta circulação, como feriados, poderia ser adotado o fluxo inverso, já aplicado em outros lugares e que liberam as pistas para o sentido de mais movimento.
Uma segunda alternativa envolveria a criação de um binário. A PR-412 passaria a ter apenas um sentido e a avenida Atlântica seria de sentido inverso. Atualmente, apenas um trecho da rua, na orla, é pavimentado. A intenção seria aproveitar a via já aberta, pavimentar o restante do trecho, e fazer um projeto que valorizasse a região beira-mar, incentivando assim o turismo. A avenida, que troca de nome ao longo do trecho, acaba nas proximidades de Shangri-lá.
Uma terceira opção, apenas voltada para desafogar o trânsito na chegada a Pontal do Paraná, envolveria a pavimentação de uma via já parcialmente aberta, a Avenida Norte, na altura do Balneário Santa Terezinha. Atualmente a área é mal aproveitada, por falta estrutura, como iluminação e calçada Todas as propostas preveem um projeto de paisagismo e mobilidade, com espaços para pedestres e ciclistas, priorizando a segurança.
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A ideia é aproveitar a zona urbana e evitar uma rodovia que rasgaria um trecho de Mata Atlântica, derrubando centenas de hectares de área nativa e correndo o risco de propiciar o chamado efeito de borda ou “espinha de peixe”, que são os desmatamentos progressivos e a ocupação desordenada que costuma ocorrer ao longo de uma estrada que é aberta. Quando os levantamentos estiverem prontos, ainda em março, serão apresentados ao governo estadual.
A proposta da Faixa
Os traçados alternativos tentam evitar que o governo estadual coloque em prática o projeto da Faixa de Infraestrutura, conjunto de obras – especialmente uma rodovia e um canal de drenagem, ao custo de R$ 270 milhões –, proposto pela gestão Beto Richa (PSDB). A licitação chegou a ser anunciada três vezes durante o ano de 2018, mas o processo foi interrompido por dúvidas em aspectos técnicos e também pelas discussões judiciais em torno do licenciamento ambiental.
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A gestão Ratinho Junior (PSD) manifestou diversas vezes a intenção de fazer a obra. Uma campanha pedindo a construção da Faixa está sendo divulgada no litoral. A possibilidade de construir a Faixa de Infraestrutura é cercada de controvérsias. A preocupação é com os impactos ambientais, sociais e econômicos.
A Faixa prevê a pavimentação de 24 quilômetros, numa via a ser aberta, paralela à da PR-412, entre Praia de Leste e Ponta do Poço, em Pontal do Paraná, com a implantação e melhoria de quatro acessos rodoviários, nos balneários de Santa Terezinha, Ipanema, Shangrilá e Atami, a execução de cinco viadutos e quatro pontes; e a readequação e ampliação do canal de macrodrenagem, que tem 15,3 quilômetros de extensão.
O projeto original estimou ainda a construção de uma linha de transmissão de energia elétrica, de um gasoduto e de um ramal ferroviário, ainda sem previsão para ser concretizada. Além de fomentar a economia na região, o governo alega que a Faixa de Infraestrutura diminuiria os congestionamentos durante a temporada e o número de acidentes.
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