Usados pelo Planalto como uma das armas para pressionar os parlamentares da base a aprovarem as reformas, os cargos de primeiro e segundo escalão da Itaipu Binacional agora são alvo de um pedido de informação na Câmara dos Deputados. A intenção é ter mais dados sobre o quadro de funcionários, cargos e salários da estatal. A empresa publica em seu site algumas dessas informações, mas sem maiores detalhamentos – na lista com o nome dos nomes dos funcionários, não é informado o cargo ou a função que cada um ocupa, por exemplo.
O pedido de informação foi aprovado na semana passada pela Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara. Inicialmente, a proposta do deputado João Arruda (PMDB-PR) era convocar o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho (PSB) a prestar esses esclarecimentos na comissão. Mas após um acordo entre os integrantes da comissão, a convocação foi substituída por um pedido de informação. O requerimento deve ser respondido até o fim deste mês de maio pelo Ministério de Minas e Energia.
Na solicitação, o deputado do PMDB pede dados dos últimos três anos da estatal. Além do número de funcionários e dos salários pagos na estatal, o pedido de informação também solicita o balanço líquido da Itaipu de 2013 para cá. “Todo mundo fala dos altos salários na Itaipu. Mas ninguém sabe exatamente quanto ganham os diretores da empresa. Os congressistas do Paraguai também têm essa dúvida”, afirma João Arruda.
O deputado tem uma audiência marcada com o ministro Fernando Coelho Filho no dia 6 de junho. Segundo ele, as contas da Itaipu e a falta de transparência da estatal serão temas do encontro. A intenção de Arruda é ver encaminhada a criação de uma comissão externa binacional – envolvendo Brasil e Paraguai – para fiscalizar a Itaipu. “Existe interesse dos congressistas dos dois países em saber o que acontece com a empresa, com uma prestação de contas mais transparente”, diz.
Em março, o presidente Michel Temer nomeou a nova diretoria brasileira da Itaipu. O ex-presidente da Copel Luiz Fernando Vianna assumiu o cargo de diretor-geral da estatal. A função era ocupada por Jorge Samek desde janeiro de 2003. Além de Vianna, outros nomes para a diretoria foram confirmados por Temer. Porém, em dois casos, o presidente teve de voltar atrás, pois a nomeação feria a nova Lei das estatais.
Essa é a situação de Rubens Camargo Penteado e de Ramiro Wahrhafting. Ambos ocuparam cargos de comando em partidos políticos e, por isso, não puderam ficar nas vagas de diretor executivo e diretor de coordenação, respectivamente.
No segundo escalão, a polêmica ficou em torno da nomeação para a chefia da comunicação da estatal. Considerada a joia da coroa, a pasta entrou na barganha das reformas. Inicialmente, o jornalista David Campos era o indicado para ocupar o cargo. A nomeação dele atenderia a uma indicação do deputado Luciano Ducci (PSB). Mas, após o parlamentar se colocar contra a reforma da previdência, a nomeação acabou não se concretizando.
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