Mesa Executiva da Assembleia: presidente hoje é Ademar Traiano (ao centro, sentado).| Foto: Sandro Nascimento/Alep/

Eleito governador no último dia 7 de outubro, Ratinho Junior (PSD) terá entre as suas principais missões encontrar um nome de consenso para presidir a Assembleia Legislativa. Historicamente, o chefe do Executivo costuma ter maioria folgada entre os deputados para aprovar projetos. A partir de 2019, porém, a Casa estará fragmentada em 20 partidos e terá os bolsonaristas do PSL como a maior bancada. E Ratinho precisará chegar a um denominador comum entre cumprir a promessa de campanha de cortar gastos e acabar com a “velha política”, e, ao mesmo tempo, ter apoio suficiente que lhe garanta a famosa governabilidade.

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Veja abaixo os favoritos para ocupar a cadeira de presidente do Legislativo estadual a partir de fevereiro do ano que vem:

Ademar Traiano (PSDB)

 
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Atual presidente da Assembleia, Traiano ignorou a formalidade de o PSDB estar coligado à Cida Borghetti (PP) nesta eleição e, desde o início, anunciou abertamente que apoiaria Ratinho. Em troca, recebeu a promessa de que continuaria no comando da Casa em 2019. Nos bastidores, afirma-se que o governador eleito estaria propenso a cumprir o acordo. A tarefa, no entanto, não será fácil. Nomear um deputado que vai para o oitavo mandato consecutivo não casa com o discurso de colocar fim à “velha política” no estado. Ratinho ainda teria de arcar com o ônus de respaldar um nome ligado ao ex-governador Beto Richa (PSDB) e que é investigado por suposta participação na corrupção da Quadro Negro. Por fim, há um sentimento na Assembleia de que Traiano já teve a oportunidade de presidir a Casa por quatro anos e, portanto, é hora de “a fila andar”.

Luiz Claudio Romanelli (PSB)

 

Entre os deputados eleitos para a próxima legislatura, Romanelli é disparado um dos mais experientes na articulação entre governo e Assembleia – basta ver que ocupou o posto de líder de duas gestões completamente distintas: Roberto Requião (MDB) e Beto Richa. Numa Casa fragmentada e ocupada por vários novatos em 2019, pode se valer da falta de um “cabeça” entre os deputados mais próximos de Ratinho para cavar seu espaço. Além disso, terá como cabos eleitorais dentro do PSB dois dos cinco parlamentares mais votados nesta eleição e com muito trânsito no Legislativo (Alexandre Curi e Tiago Amaral). Para ser ungido por Ratinho, entretanto, terá de superar a falta de proximidade com o governador eleito, o peso de ter liderado a base de Richa na Assembleia e o fato de ser um dos principais representantes da velha guarda na Casa.

SAIBA MAIS: Veja quem são os 54 deputados estaduais eleitos para o período 2019-2022

Guto Silva (PSD)

 
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Além de ser o deputado mais próximo de Ratinho, Guto leva a vantagem de estar no primeiro mandato e ter apenas 41 anos, o que pode passar a imagem de renovação na política local. No entanto, o fato de ser do mesmo partido do governador eleito − o que, inicialmente, seria um ponto positivo − pode pesar contra ele, diante de uma eventual necessidade de Ratinho ter de negociar a Presidência da Assembleia para garantir tranquilidade nas votações em plenário. Além disso, o desejo de Guto é ser o chefe da Casa Civil a partir do ano que vem, onde já atuou como subchefe no primeiro governo Richa. Se conseguir convencer Ratinho a levá-lo para o governo, fala-se no nome de Marcio Nunes para ser o candidato a presidente do Legislativo estadual pelo PSD. Mas é praticamente consenso entre os deputados que ele ainda não tem cacife suficiente para ocupar o cargo.

Delegado Francischini (PSL)

 

Surfando na onda bolsonarista que tomou conta do país, Francischini foi eleito com mais de 427 mil votos, a maior votação da história do Paraná entre deputados estaduais. De quebra, ajudou a fazer do PSL a maior bancada da Assembleia para 2019, com oito parlamentares. Para aumentar ainda mais o tamanho do partido na Casa e, assim, se cacifar para a Presidência, já fez convites a deputados de legendas que não superaram a cláusula de barreira nesta eleição e que terão várias restrições para atuar no Legislativo estadual. Francischini, porém, vai ter de lutar contra a sensação entre os colegas mais velhos de que “chegou agora e já quer sentar na janela do ônibus” – desde 2010, ele é deputado federal −; e de que, apesar de ser o pai da maior bancada, ela é formada por deputados completamente inexpressivos e sem representatividade. Outra avaliação a ser feita é se estar na linha de frente como presidente da Assembleia é um bônus ou um ônus para quem quer se eleger prefeito de Curitiba em 2020.