Beto e Fernanda Richa foram presos pelo Gaeco | Foto: Henry Milleo/Gazeta

A prisão do ex-governador Beto Richa (PSDB), sua esposa, Fernanda Richa, e figuras próximas ao tucano, além de buscas e apreensões, são fruto de duas operações distintas. Ambas foram deflagradas na terça-feira (11) em Curitiba, mas uma é estadual e a outra federal, ligada à Lava Jato. Segundo as autoridades, o fato de elas terem ocorrido no mesmo dia foi “coincidência”.

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A ação que culminou na prisão de Richa foi deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público do Paraná (MPPR), e apura o programa Patrulha do Campo, de quando o tucano era governador. A segunda ação é uma nova fase da Lava Jato, que fez buscas no apartamento de Richa.

Entenda do que tratam as operações e veja quem foi preso: 

Operação Rádio Patrulha

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ex-governador Beto Richa (PSDB) e pessoas próximas a ele foram presas temporariamente pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público do Paraná (MPPR), no âmbito da Operação Rádio Patrulha. Está no escopo da operação a investigação de lavagem de dinheiro no programa Patrulha do Campo, do governo estadual, entre 2012 e 2014.

A investigação é de junho deste ano e o pedido de prisão foi feito há mais de duas semanas.

Ao todo, foram emitidos 15 mandados de prisão e 26 de busca e apreensão em Curitiba, Londrina, Santo Antônio do Sudoeste e Nova Prata do Iguaçu. O investigado André Felipe Bandeira se apresentou no Gaeco nesta quarta-feira (12).

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As buscas na operação de terça (11) foram dirigidas a 16 residências, quatro escritórios, um escritório político, quatro empresas em Curitiba e à sede do DER-PR. Um mandado foi cumprido no Palácio Iguaçu, visando o acesso a agendas de 2014. 

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De acordo com Leonir Batisti, coordenador do Gaeco, as prisões não são condicionadas pelo período eleitoral. “O MPPR se pauta de acordo com as suas próprias condições. Não podemos parar nossos trabalhos por motivos dessa natureza”, afirmou. 

 

Operação Lava Jato

Outras duas pessoas também foram presas na terça-feira (11), mas por conta de uma investigação que se desenrola no âmbito da Operação Lava Jato

A operação, fruto das investigações do MPF, também cumpriu um mandado de busca e apreensão na casa do ex-governador. A apuração diz respeito ao possível favorecimento da Odebrecht na licitação para as obras na PR-323. De acordo com as investigações, o acerto para que a concorrência fosse limitada em favor da empresa teria sido feito com o próprio Deonilson Roldo, em troca do pagamento de R$ 4 milhões para o grupo do ex-chefe de gabinete.

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Segundo as investigações do MPF, o acerto para o favorecimento foi realizado em reuniões entre Deonilson e os executivos da Odebrecht. Em uma outra reunião, Deonilson teria conversado com o executivo Pedro Rache - de uma das empresas interessadas na obra, a Contern – para informá-lo de que a obra já estava “comprometida” com a Odebrecht. O encontro foi gravado pelo empresário e o áudio veio a público em maio

Na semana passada, o juiz Sérgio Moro aceitou denúncia do MPF contra onze pessoas investigadas pelo favorecimento da Odebrecht na licitação da PR-323. Entre elas, estão Deonilson Roldo e Jorge Atherino, alvos dos mandados de prisão desta terça-feira (11). 

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Outro lado

Beto Richa mandou uma nota para a imprensa nesta quarta. “Enfrento com serenidade e confiança qualquer acusação, mas devo dizer que eu e minha família estamos sofrendo muito com o julgamento antecipado que nos está sendo imposto. Sou um homem público há mais de duas décadas, com a mesma honradez. Tenho a consciência em paz e sei que, no devido tempo, a verdade sempre se impõe. Garanto a você, que me conhece e para quem exerço com responsabilidade a vocação que Deus me deu: nada devo e sigo confiando na justiça”.

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De acordo com a defesa de Fernanda Richa, a prisão dela é juridicamente insustentável “na medida em que a paciente, a todo tempo, dispôs-se a colaborar e colaborou com efetividade em todas as investigações promovidas pelo Ministério Público do Estado do Paraná, inclusive abrindo mão de seu sigilo bancário, como, por exemplo, observa-se recentemente na Operação Quadro Negro”.

Ao portal G1, a defesa de Pepe Richa informou que só vai se manifestar nos autos. 

Por meio de nota, a assessoria de Joel Malucelli informou, antes de ele se entregar, que: “O empresário Joel Malucelli antecipou seu retorno ao Brasil, previsto para dia 24 de setembro, e prestará todos os esclarecimentos às autoridades do Paraná.O empresário nega ter cometido qualquer irregularidade e sempre esteve à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos.Em 2012, Malucelli se desligou das atividades e rotinas da empresa fundada por ele e se encontra na presente data em férias”.

Já a J. Malucelli Equipamentos negou a participação em qualquer irregularidade e informa que “não firmou qualquer contrato com o Governo do Paraná relacionado às Patrulhas Rurais”.

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A reportagem ligou para o escritório do advogado de Ezequias Moreira, mas não conseguiu contato direto com o profissional. Uma pessoa da equipe do escritório avisou que entraria em contato com o advogado, mas a reportagem ainda não teve retorno.

A Ouro verde informou que “prestou serviços de locação de máquinas e equipamentos pesados ao Estado do Paraná durante o período de abril de 2013 a julho de 2015 após se sagrar vencedora em processo licitatório público e que cumpriu todas as suas obrigações legais no âmbito de tal contratação, inclusive havendo atualmente cobrança judicial contra o Estado por valores não pagos, apesar dos serviços prestados”. A empresa ressalta que em 45 anos de história “jamais se envolveu e nega qualquer envolvimento com relação a qualquer ato ilícito, e tem plena convicção de que demonstrará isso de forma cabal às autoridades competentes”. Informou ainda, nesta quinta-feira, que Celso Frare “renunciou ao cargo no Conselho de Administração da companhia.”

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O advogado Juliano Clivatti, que representa a Cotrans, disse que a empresa não foi alvo de nenhum dos mandados de busca nem das prisões cumpridas pela operação. “Ficamos sabendo das informações pela imprensa e não tivemos acesso ao processo. A partir de que tenhamos [acesso], vamos avaliar qual será a linha adotada”, disse. “A Cotrans prestou um serviço de locação de máquinas ao governo do Paraná, após ter se sagrado vencedora em procedimento licitatório. Não há nada de anormal.”

A defesa de Deonilson Roldo disse que ainda não teve acesso aos detalhes da investigação encabeçada pelo Gaeco no âmbito da Paraná Patrulha do Campo, mas que sabe que o segundo mandado – da Lava Jato, sobre as irregularidades da licitação para a PR-323 – pediu prisão preventiva do ex-secretário de Richa.

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O advogado Roberto Brzezinski Neto falou que Roldo “está abalado” e que a prisão foi desnecessária, uma vez que Roldo já tinha se colocado à disposição da Justiça para prestar esclarecimentos. “O que me chama a atenção é que logo depois que a imprensa divulgou um pretenso áudio entre ele e um empresário, nós fizemos uma petição ao juíz nos colocando a disposição para prestar esclarecimentos. Ele jamais foi intimado para qualquer manifestação. Me parece que a prisão dele, nesse momento, não se fazia necessária”, disse.

A reportagem segue tentando contato com os demais envolvidos. 

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