Além do ex-governador Beto Richa (PSDB), também foram presos nesta terça-feira (19) o ex-secretário Ezequias Moreira e o empresário Jorge Atherino na Operação Quadro Negro, que apura desvios em obras em escolas. Ambos são muito próximos ao tucano, e já foram citados em outras investigações que envolvem o ex-governador.
Ezequias Moreira ocupou, durante o governo do tucano, o cargo de secretário especial de Cerimonial e Relações Internacionais – pasta que, posteriormente, foi extinta pela então governadora Cida Borghetti (PP).
Na Quadro Negro, o nome de Ezequias foi citado pelo delator Maurício Fanini. Na proposta de delação, Fanini disse que pediu a troca do primo de Richa, Luiz Abi, como intermediário do ex-governador, porque o parente do tucano era arrogante. O indicado para substituí-lo teria sido Ezequias Moreira.
Antes disso, entretanto, o nome de Ezequias apareceu em outro escândalo. Em 2007, veio a público que a sogra dele, Verônica Durau, constava na folha de pagamento da Assembleia Legislativa do Paraná mesmo sem ser funcionária da Casa. Depois das revelações, ele devolveu o dinheiro que havia sido recebido indevidamente pela sogra. O ex-secretário chegou a ser condenado pelo Tribunal de Justiça do Paraná, mas o crime já havia prescrito.
Com o cargo de secretário, Ezequias ganhou foro privilegiado. Na época da nomeação, Richa justificou-se dizendo que “é preciso perdoar o pecador, e não o pecado”.
Outro aliado preso nesta terça-feira (19)
Já Jorge Atherino não ocupou cargos públicos, mas já foi citado em ao menos três investigações envolvendo o ex-governador Beto Richa: na Operação Superagui, sobre a construção de um pátio de caminhões no Litoral; na investigação sobre a PR-323, em que a construtora Odebrecht teria repassado recursos de caixa 2 para a campanha do tucano, em troca de vantagens indevidas; e na Quadro Negro, pela qual houve a prisão nesta terça-feira (19).
Um dos delatores da Quadro Negro, que investiga fraudes na construção e reforma de escolas no Paraná, Maurício Fanini apontou que o empresário, conhecido como “grego”, seria um dos responsáveis por pedir, receber e estocar dinheiro de campanha para Richa. Anteriormente, a função seria desempenhada por Ezequias Moreira.
Outro ponto de atuação do empresário na Quadro Negro teria acontecido depois que o esquema veio à público, por meio das investigações do Ministério Público do Paraná. Atherino teria sido responsável por repassar R$ 12 mil mensais ao ex-diretor da Seed para que ele permanecesse em silêncio.
“Grego”, além disso, teria sido favorecido na concessão de uma licença ambiental pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP) ao longo da gestão de Richa. Com a liberação, ficava permitido o desmatamento de uma área protegida de mata atlântica, próxima ao Porto de Paranaguá. A empresa dona de um terreno na área, em que seria construído um pátio de caminhões, era de propriedade de Atherino. Segundo o Ministério Público, o empreendimento beneficiaria empresas ligadas à família Richa.
Outro lado
O advogado de Maurício Fanini, Tracy Reinaldet, afirmou que o denunciado “continuará colaborando de modo amplo e irrestrito com a Justiça, esclarecendo os fatos investigados e apresentando provas de suas declarações”.
O advogado Marlus Arns de Oliveira, que atua na defesa de Ezequias Moreira, informou que se manifestará nos autos do processo.
Carlos Alberto Farracha de Castro, advogado de Jorge Atherino, informou que a defesa ainda está analisando o processo, mas disse que os fatos que embasaram o pedido de prisão são de 2014 e que o cliente já tinha se colocado à disposição do Ministério Público e da Justiça para prestar esclarecimentos.
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