Pedagogo e professor de Educação Física da rede pública há 25 anos, Hermes Leão foi uma das principais vozes de oposição ao ex-governador Beto Richa (PSDB). Mesmo sem ocupar qualquer cargo eletivo, ele teve papel central no segundo mandato do tucano, como presidente da APP-Sindicato, que representa mais de 100 mil docentes e funcionários das 2,1 mil escolas estaduais do Paraná.
Ainda com o episódio da Batalha do Centro Cívico vivo na memória – que deixou 213 feridos –, ele espera ter uma relação menos conturbada com o governador eleito Ratinho Junior (PSD). Leão, que permanecerá à frente do sindicato até setembro de 2021, defende uma negociação permanente e respeitosa com o Poder Executivo em prol do serviço ofertado à população nas escolas. “O objetivo de qualquer governo – e o nosso também – é uma educação pública de qualidade, independentemente de partido político”, afirma.
Confira a entrevista:
Do ponto de vista da luta sindical, seguiremos com a nossa pauta de valorização da educação pública e de defesa dos direitos dos professores e funcionários das escolas. Já reivindicamos uma reunião com o governador eleito para podermos começar desde já o debate sobre essa pauta. Esperamos que ele possa ter uma conduta de gestão que coloque a escola pública no centro do processo de valorização das políticas públicas do estado.
Continuamos defendendo, junto à governadora Cida Borghetti e também ao governo de transição, o reajuste da data-base. A Cida tem condições de apresentar uma proposta nesse sentido, que foi interrompida durante a disputa eleitoral. Essa é uma questão central para todo os servidores do estado, assim como a defesa de uma previdência pública que seja capaz de oferecer segurança à aposentadoria do funcionalismo e que foi foco de um desgaste enorme com o governo anterior. Especificamente em relação à APP, temos uma lista de debates importantes, que passam principalmente pelas condições de trabalho no interior das escolas.
Da nossa parte, queremos evitar e deixar para trás esse período de confrontação. Houve um processo muito penoso e doloroso com o Beto Richa, especialmente no segundo mandato. E isso prejudicou não só a categoria, mas sobretudo a oferta de um serviço público de qualidade. Nossa expectativa é de uma gestão que tenha no diálogo e na mesa de negociação permanente um espaço de debate, inclusive para divergências, pois só dessa forma poderemos superar dificuldades e encontrar saídas. O respeito dos dois lados é que vai favorecer a conquista de condições adequadas para o nosso trabalho.
Nossa expectativa é de uma gestão que tenha no diálogo e na mesa de negociação permanente um espaço de debate, inclusive para divergências, pois só dessa forma poderemos superar dificuldades e encontrar saídas
Sempre temos colocado nossa posição em defesa da categoria enquanto sindicato, com nossa pauta de reivindicações, preservando direitos e ampliando as discussões para superar as dificuldades de professores e funcionários de escolas. O debate partidarizado cabe à direção dos partidos. Não é esse o nosso objetivo. O objetivo de qualquer governo – e o nosso também – é uma educação pública de qualidade, independentemente de partido político.
Uma pessoa com liderança e que tenha a compreensão do papel da educação pública. E que, principalmente, seja ligada ao tema educacional e tenha como centrais os desafios da nossa área.
A educação pública do Brasil todo tem uma preocupação muito grande com o programa de governo já apresentado pelo presidente eleito. Se ele for aplicado da forma como está, haverá um retrocesso no ensino público do país. Portanto, diante do conjunto de medidas apresentado até agora, faremos um processo de resistência.
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