O governador do Paraná eleito no último dia 7, Ratinho Júnior (PSD) , afirmou que cortará metade das secretarias existentes, endossando proposta repetida por ele ao longo da campanha eleitoral. No entanto, ele ainda aguarda um estudo encomendado à Fundação Dom Cabral para definir quais pastas exatamente serão eliminadas da administração. O estudo deve ficar pronto no final de novembro.
Sobre o anúncio do presidente da República eleito Jair Bolsonaro (PSL) , de fusão dos ministérios da Agricultura e Meio Ambiente, Ratinho vê de forma positiva – pode “acelerar decisões” –, mas pondera que não cabe a ele avaliar a posição tomada em âmbito federal. Acrescenta que, “assim que a poeira baixar”, falará pessoalmente com Bolsonaro, aliado de campanha.
Ratinho conversou brevemente com a Gazeta do Povo na quarta-feira (31), em Brasília, onde ele se reuniu com a bancada de deputados federais do Paraná para tratar de emendas ao Orçamento de 2019 da União, em debate final no Congresso Nacional. Aos parlamentares, pediu apoio ao “projeto Olho Vivo”, da área de segurança pública. Confira os principais trechos da entrevista:
O senhor anunciou apenas um nome até agora [para o primeiro escalão]. Qual outro nome o senhor pode anunciar hoje?
Ainda não tem nenhum nome para anunciar. Porque nós estamos fazendo um trabalho com a Fundação Dom Cabral. Para fazer todo um novo organograma do estado. Nós vamos cortar muitas secretarias, modernizar a máquina pública. E, através da sugestão do novo organograma, no final do mês de novembro, nós vamos começar a anunciar os nomes.
Permanece a ideia de fazer aquele corte de 50% das secretarias [anunciado durante a campanha eleitoral]?
Exatamente. Não só de secretarias, mas também de outras áreas que muitas vezes não têm mais a necessidade de existir.
O presidente eleito Bolsonaro sinalizou a fusão das pastas da Agricultura e do Meio Ambiente. Queria saber o que o senhor achou disso e se, no Paraná, isso também pode ser considerado.
Não. Acho que no Paraná a Secretaria do Meio Ambiente tem uma função muito importante e a Secretaria da Agricultura já é uma pasta muito robusta. Acho que podem trabalhar colaborando uma com a outra.
Por que são interesses antagônicos, não?
É uma avaliação do presidente eleito. Não cabe a mim fazer uma análise sobre isso. Mas acho que a proximidade pode gerar decisões mais rápidas. O que a gente vê muitas vezes, tanto de um lado quanto de outro, são discussões apaixonadas. E, nessas áreas, não podem ter discussões apaixonadas. Tem que ter discussões extremamente técnicas. Então eu torço para que isso avance. Para que eles possam sentar e trabalhar de forma técnica.
O senhor chegou a conversar com o presidente eleito depois do resultado?
Não. Eu acabei não falando porque imagino que a cabeça dele deve estar uma loucura. Como a nossa ficou também. Esperar “baixar um pouco a poeira”. E para ele poder se dedicar agora à transição. Depois, obviamente, quero dar os parabéns pessoalmente a ele.
Mas o senhor já se reuniu com representantes da Itaipu Binacional, certo? Alguma parceria encaminhada?
A reunião de ontem (dia 30 de outubro) foi junto com o diretor-presidente da hidrelétrica, o Marcos Stamm, e também o G7, que são os representantes do setor produtivo do Paraná, para que a gente possa criar uma política de desenvolvimento regional de forma conjunta: poder público, entidades do setor produtivo e a Itaipu, que tem uma influência muito grande, em especial na parte tecnológica. A ideia é já criar uma agenda positiva para o ano que vem. Nós pedimos inclusive para a Itaipu nos ajudar na elaboração de projetos executivos na área de infraestrutura.
Sobre o Escritório de Representação do Paraná em Brasília. Como vai ficar?
Vai ser mantido. Talvez rever a questão de metodologia de trabalho, mas vai ser mantido.
O senhor se reuniu com a bancada do Paraná em Brasília. Como será a relação?
Queremos implantar a partir de janeiro uma relação permanente com a bancada federal. Por falta de união política, o Paraná perdeu muito tempo. Minha ideia é que a gente tenha uma agenda positiva em defesa dos interesses do Paraná aqui em Brasília, para que a gente possa levar o máximo de recursos para a área da saúde, educação e segurança pública, as três áreas fundamentais. Hoje a bancada já atendeu uma sugestão nossa, que é colocar uma emenda [no orçamento de 2019 da União] de R$ 40 milhões para o projeto Olho Vivo.
O que é exatamente o projeto Olho Vivo?
São tecnologias embarcadas, softwares, não apenas uma câmera de vigilância. Dar a oportunidade para o policial militar ter a tecnologia trabalhando a seu favor.
Mas serão construídas sedes, espaços físicos, de monitoramento?
De forma regional. No Paraná, 85% dos municípios têm menos de 20 mil habitantes, são pequenos. Então não é inteligente colocarmos uma central de monitoramento em cada cidade. Então, poucas câmeras, bem localizadas, nas entradas e saídas dos municípios, com uma central regional, você consegue atender.
R$ 40 milhões é suficiente para até qual etapa do projeto?
Dá para começar. O projeto todo é de meio bilhão.
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