Durante a eleição, em sabatina à Gazeta do Povo, o então candidato Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) prometeu “um governo com muitas mulheres”. “Acho que a mulher tem um papel fundamental em consolidar esse perfil. Que elas possam ter cargos importantes e demonstrar seu talento e boa gestão”, disse.
Agora governador do Paraná, ele nomeou para o comando do seu secretariado, composto por 15 pastas, apenas uma mulher.
A presença de Letícia Ferreira da Silva, procuradora-geral do Estado, salta aos olhos nas fotos oficiais, em meio aos outros 14 integrantes do primeiro escalão. Veja aqui a lista completa do secretariado de Ratinho e o currículo dos escolhidos.
Há, diga-se, outras mulheres em postos-chave na gestão Ratinho Junior, mas em cargos que não têm status de secretário. É o caso de Luciana Casagrande Pereira, superintendente da Cultura que, após estudo feito pela Fundação Dom Cabral, perdeu o status de secretaria a partir da fusão com a Comunicação Social, além de Juliana Vosnika (presidente do Museu Oscar Niemeyer) e Monica Rischbieter (superintendente do Teatro Guaíra).
Depois da vitória nas urnas, já no primeiro turno, as confirmações dos escolhidos de Ratinho demoraram a sair. Naquele período, a equipe do eleito defendeu que as nomeações levariam em conta a soma de dois quesitos: “conhecimento técnico e trânsito político que permitam executar as tarefas”.
A título de comparação, a representatividade feminina no Executivo paranaense é menor proporcionalmente que a do governo Jair Bolsonaro (PSL). O ministério do presidente da República tem duas mulheres entre seus 22 escolhidos: Tereza Cristina, na Agricultura, e Damares Alves, na pasta da Mulher, Família e Direitos Humanos.
As ministras perfazem 9% do alto escalão de Bolsonaro. No Paraná, o índice é de 6%.
Domínio masculino em gestões anteriores
O baixo número de mulheres não é característico apenas da atual gestão do estado: um paralelo com os governos mais recentes mostra quadros predominantemente masculinos no Paraná.
Mesmo a administração de Cida Borghetti (PP), primeira mulher a assumir o Estado, contou com participação tímida de mulheres, que eram apenas três em postos mais altos do Estado: a coronel Audilene Rocha, no comando-geral da Polícia Militar; Nádia Oliveira de Moura, secretária de Estado da Família e Desenvolvimento Social; e Lucia Aparecida Cortez Martins, na Secretaria de Educação.
Antecessor de Cida, Beto Richa (PSDB) encerrou sua passagem pelo governo do estado com apenas duas mulheres em cargos de destaque: Ana Seres Trento Comin, na Secretaria de Educação, e a então primeira-dama Fernanda Richa, na Secretaria da Família e Desenvolvimento Social.
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