Após uma delação contra um secretário estadual vir à tona, o governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Junior (PSD), afirmou, em nota, que não fará pré-julgamentos. No caso, a delação aponta que o atual secretário-chefe da Casa Civil, Guto Silva (PSD), teria recebido R$ 100 mil como doação não declarada em 2014, quando concorria ao cargo de deputado estadual. A informação consta da delação do ex-diretor do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER) Nelson Leal Junior e foi divulgada pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Na nota, Ratinho registra que determinou que Guto Silva “aja com celeridade no esclarecimento e na sua defesa de forma pública”. O governador afirma ainda que “pediu esclarecimentos ao chefe da Casa Civil que confrontou a delação e afirmou ser falsa, garantindo que tem plenas condições de provar judicialmente que é uma declaração mentirosa”.
O governador diz que “não fará nenhum pré-julgamento” e pontua que não há um fato jurídico, nenhum processo iniciado pelo Ministério Público ou na Justiça contra o chefe da Casa Civil. Sobre isso, ainda na semana passada, a reportagem questionou o Ministério Público Federal no Paraná sobre a situação de Guto Silva. A resposta foi que “a força-tarefa não confirma nem nega eventuais investigações em andamento”.
À Gazeta do Povo, Guto Silva disse que aguarda ter acesso às informações para “trazer a verdade” sobre os fatos.
Ratinho prega “ficha limpa”
Em episódio anterior, Ratinho Junior defendeu que “ser ficha limpa” é uma das condições para permanecer no Executivo. Na ocasião, o governador se referia a um alerta emitido pelo Ministério Público de Contas sobre a permanência de um diretor condenado em cargo chave na Paranaprevidência. À época, o governo informou que o nome apontado pelo MPC-PR seria mesmo exonerado.
Após a delação contra Guto Silva, a informação divulgada na nota encaminhada pelo governo do estado é de que “o governador mantém sua determinação de rigor na gestão pública e transparência dos atos”. A ordem é para que Guto Silva aja rápido para esclarecer o episódio envolvendo o seu nome e que se explique também à opinião púbica.
Entenda o caso da delação
Na sua delação, firmada junto ao MPF e já homologada, Nelson Leal Junior afirmou que entregou R$ 100 mil a Guto Silva na sede do DER em 2014, quando o atual secretário era candidato a uma das vagas da Assembleia Legislativa. O dinheiro teria sido solicitado, segundo o delator, pelo então secretário Pepe Richa a Helio Ogama, presidente de uma das concessionárias de pedágio, como “ajuda política” ao futuro deputado, que se elegeu com 45 mil votos.
Em nota enviada à Gazeta do Povo, “a defesa do ex-secretário José Richa Filho esclarece que os fatos são inverídicos e lamenta a credibilidade dada ao criminoso confesso que busca, a todo custo, benesses indevidas. Pepe Richa confia na aplicação da Justiça e continua à disposição para esclarecer os fatos”. Também procurada, a defesa de Helio Ogama afirmou que ele já se manifestou sobre o assunto quando foi ouvido pelo juiz e pelo Ministério Público, após fechar acordo de delação premiada.
Confira a íntegra da nota do governador
“O governador Carlos Massa Ratinho Junior pediu esclarecimentos ao chefe da Casa Civil que confrontou a delação e afirmou ser falsa, garantindo que tem plenas condições de provar judicialmente que é uma declaração mentirosa.
O governador não fará nenhum pré-julgamento. Não há um fato jurídico, nenhum processo iniciado pelo Ministério Público ou na Justiça contra o chefe da Casa Civil.
O governador mantém sua determinação de rigor na gestão pública e transparência dos atos, e determinou ao chefe da Casa Civil que aja com celeridade no esclarecimento e na sua defesa de forma pública.”
Veja a íntegra da nota de Guto Silva
“Recebi indignado a notícia do envolvimento do meu nome em delação no âmbito da Operação Integração. O primeiro ponto a destacar é que se trata de uma declaração inverídica. Uma ilação sem qualquer sustentação na realidade.
Estou à disposição de qualquer instância do Ministério Público e do Poder Judiciário para que tenha oportunidade de apresentar o contraditório em relação à falsa declaração do delator.
Sou a favor de que todo ocupante de cargo público possa ser investigado e deve ter os seus atos acompanhados de forma pública e com transparência. Mas não tenho nenhum receio ou problema de confrontar essa delação porque é uma declaração mentirosa. Não há nenhum fato que possa, no mínimo, sugerir essa minha conduta.
Sigo convicto de que a situação que se apresenta será esclarecida e, ao fim, a Justiça será feita, condenando pessoas que agiram contra o interesse público e tentam dividir sua culpa com quem não têm nenhum envolvimento com os fatos que estão sendo apurados”.