Ao menos quatro políticos já foram implicados no bojo da Operação Carne Fraca, deflagrada há quase um ano pela Polícia Federal do Paraná. Trata-se da bancada do PMDB do Paraná, que lá atrás foi responsável pela indicação de Daniel Gonçalves Filho para a cadeira de superintendente regional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), com lotação em Curitiba.
O ex-chefe do Mapa no Paraná é apontado pelo MPF como o “comandante” do esquema de propina que teria funcionado, durante quase dez anos, a partir da relação entre servidores públicos da pasta e empresários que deveriam ser fiscalizados. Gonçalves Filho conseguiu um acordo de colaboração premiada e deixou a prisão em dezembro último.
LEIA MAIS: Após escândalo, fiscalização agropecuária do Paraná já tem um interventor
Embora a delação seja sigilosa, a imprensa já divulgou que Gonçalves Filho teria dito aos investigadores que parte do dinheiro do esquema de propina abasteceu contas dos políticos do PMDB do Paraná: hoje, a bancada é formada pelos deputados federais Osmar Serraglio, Sérgio Souza, João Arruda e Hermes “Frangão” Parcianello. Os quatro negam qualquer participação no esquema de propina.
Sérgio Souza ainda foi nominalmente citado durante depoimento prestado pelo médico veterinário Flávio Cassou em 1º de dezembro de 2017, no âmbito de um dos sete processos derivados da Operação Carne Fraca, e que tramitam em Curitiba, na 14ª Vara Criminal da Justiça Federal. Cassou trabalhava em uma unidade paranaense da Seara Alimentos Ltda, ligada à JBS.
LEIA TAMBÉM: Chefe do esquema da Carne Fraca fecha delação que atinge o PMDB do Paraná.
Na narrativa do médico veterinário, a própria cúpula da JBS destinava mensalmente envelopes com R$ 20 mil para ele. Mas o dinheiro não era para Cassou. Segundo o médico veterinário, ele tinha que entregar os envelopes para Daniel Gonçalves Filho. “Era um acordo entre o Daniel e um diretor da JBS. Eu só entregava o envelope”, resumiu ele. A partir daí, ainda segundo Cassou, Gonçalves Filho entregaria o dinheiro a políticos do PMDB do Paraná, como Sérgio Souza.
Por deterem foro privilegiado, os parlamentares só podem ser investigados no âmbito da Procuradoria-Geral da República (PGR) e do Supremo Tribunal Federal (STF).
O caso
Na Operação Carne Fraca, deflagrada em 17 de março de 2017, dezenas de pessoas foram alvos de mandados de condução coercitiva, de prisão temporária e de prisão preventiva. Na sequência, 60 investigados foram efetivamente denunciados pelo MPF. As denúncias viraram ações penais – cinco, no total, excluindo as duas ações penais derivadas da segunda fase da Operação Carne Fraca, deflagrada em maio, e que mirava apenas Francisco Carlos da Silva, ex-superintendente do ministério em Goiás. A terceira fase da Operação Carne Fraca, deflagrada na manhã desta segunda-feira (5), deve render novas denúncias à Justiça Federal.
PT apresenta novo “PL da Censura” para regular redes após crescimento da direita nas urnas
Artigo de Bolsonaro defendendo a democracia gera repulsa na esquerda; acompanhe o Sem Rodeios
Janjapalooza terá apoio de estatais e “cachês simbólicos” devem somar R$ 900 mil
De 6×1 a 4×3: PEC da redução de jornada é populista e pode ser “armadilha” para o emprego