Aos 76 anos de idade, três vezes governador do Paraná e hoje exercendo seu segundo mandato como senador da República, Roberto Requião ainda não bateu o martelo sobre o que pretende fazer nas eleições de 2018. Principal figura do PMDB no Paraná, e formalmente no comando da legenda, Requião flertaria com duas possibilidades: a candidatura à reeleição, garantindo mais oito anos de mandato em Brasília; ou a candidatura ao governo do Paraná, situação na qual enfrentaria ao menos três nomes já colocados na disputa, incluindo o ex-senador Osmar Dias (PDT), com quem se aliou em 2010 na tentativa fracassada para derrotar Beto Richa (PSDB).
“Nem Deus, que é onisciente, sabe. Nada definido, ainda”, respondeu um fiel escudeiro do senador peemedebista, ao ser questionado pela Gazeta do Povo na quarta-feira (22) sobre quais os planos do parlamentar para 2018. O próprio Requião, ao ser consultado no mesmo dia sobre a possibilidade de uma entrevista sobre o tema, respondeu que não gostaria de falar sobre eleições no Paraná. “O Requião te diria que o mais importante agora é trabalhar em um plano de governo. E é isso que estamos fazendo. Já iniciamos reuniões regionais com lideranças para a construção disso”, respondeu o deputado estadual Requião Filho (PMDB), em entrevista à reportagem nesta quinta-feira (23).
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Candidatura própria
No seu primeiro mandato na Assembleia Legislativa do Paraná, Requião Filho explica que as bases da legenda defendem a candidatura própria. Neste cenário, contudo, o próprio deputado estadual se esquiva sobre eventuais nomes do PMDB para disputar o governo do Paraná, caso o pai prefira tentar a reeleição. “Temos quadros capacitados sim. Possivelmente menos viáveis eleitoralmente do que o Requião”, admitiu ele, que em 2016 entrou na corrida à prefeitura de Curitiba, mas amargou o quinto lugar, e agora talvez saia candidato à reeleição.
Hoje o PMDB tem apenas quatro deputados estaduais: além de Requião Filho, Ademir Bier, Anibelli Neto e Nereu Moura. Mas o filho do presidente do PMDB paranaense interpreta de forma positiva a redução de filiados na Casa. Afinal, lembrou ele, foram os parlamentares peemedebistas mais alinhados com o PSDB de Beto Richa que saíram da legenda. “O PMDB hoje está mais coeso. Limpamos os ruídos. O único peemedebista hoje aqui que ainda dialoga com o Beto Richa é o [Orlando] Pessuti, que já foi expulso do partido três vezes”, afirmou ele.
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A histórica divisão do PMDB no Paraná chegou a ser colocada como um dos obstáculos para a legenda na disputa ao governo estadual em 2014, quando parte da sigla de Requião preferiu fazer campanha para o PSDB de Beto Richa. “O que houve foi uma depuração. Mas continuamos sendo o partido com o maior número de prefeitos e vereadores no Paraná. Continuamos sendo a joia da coroa e acredito que todos os candidatos gostariam de se aliar ao PMDB. Mas nossa ideia é se aliar, se for o caso, só com aqueles que abraçarem nosso plano de governo”, defendeu ele. Na prática, explica Requião Filho, significa se unir “às pessoas mais distantes do Beto Richa”.
Opção por alianças
Na hipótese de aliança, o PMDB admite a possibilidade de lançar uma frente de oposição no Paraná, possivelmente com o PT, que também ainda não tem um nome próprio para o governo estadual em 2018. Uma das principais figuras da sigla, a senadora Gleisi Hoffmann, que chegou a obter mais votos do que o Requião na disputa de 2010 a uma cadeira no Senado da República, ensaia agora uma candidatura a deputada federal, diante dos desgastes enfrentados pelo PT.
Se desistir da reeleição, Gleisi pode até deixar votos para Requião, que tem sido uma das principais vozes da oposição ao presidente da República, Michel Temer (PMDB).
Requião se reaproximou do PT a partir do processo de impeachment de Dilma Rousseff, em 2016. Ao longo de 2017, atuou em dobradinha com Gleisi nas principais votações do Senado. Foi pessoalmente à posse da colega na cadeira de presidente nacional do PT, em julho, e não esconde os encontros com o ex-presidente Lula.
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Requião Filho, contudo, não teme retaliações do PMDB nacional ao pai. “Não estamos preocupados com Brasília. Eles se fecharam por lá e, sinceramente, até nos tirariam votos nas eleições de 2018”, disparou ele.
Em meados do ano, o presidente nacional do PMDB, o senador Romero Jucá (RR), ensaiou dar prosseguimento a um pedido de expulsão de Requião. Nesta quinta-feira (23), a Comissão de Ética e Disciplina do PMDB votou a favor da expulsão da senadora Kátia Abreu (TO), fiel escudeira de Dilma.
Mas, questionado sobre o andamento do processo contra Requião, o PMDB nacional apenas informou à Gazeta do Povo que “não há prazos”. Já a assessoria de imprensa do senador respondeu que “não tem ideia” em que pé está o processo contra ele.
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