O executivo Adriano Rudek de Moura assumiu a Diretoria de Finanças e de Relações com Investidores da Copel, substituindo Luiz Eduardo Sebastiani, homem de confiança do governador Beto Richa (PSDB). Apesar de o Palácio Iguaçu negar, a saída dele teria relação com posicionamento contrário ao do Executivo no recente debate sobre a divisão do lucro da companhia entre os acionistas. Sebastiani trabalhava com Richa há anos. Foi secretário municipal de Finanças em Curitiba (2005-2010) e depois secretário estadual, nas pastas da Fazenda, Administração e Casa Civil ( 2011-2014).
A apresentação de Rudek ocorreu durante uma teleconferência na terça-feira (16), o que gerou surpresa, já que a demissão de Sebastiani não havia sido anunciada oficialmente. Rudek estava na Electrolux desde 2003 e ocupava o cargo de diretor Financeiro e de Relações com Investidores na América Latina. Ele é formado em Ciências Contábeis e tem especialização em Controladoria e Finanças. O currículo divulgado pela Copel exalta a experiência dele de 34 anos na área financeira.
A troca na diretoria coincidiu com uma polêmica sobre a divisão de dividendos aos acionistas. Sebastiani tinha se posicionado pela divisão no patamar mínimo, de 25%. O secretário da Fazenda, Mauro Ricardo Costa, representando o governo, defendeu que a divisão chegasse a 50%. Na reunião do Conselho de Administração, o pedido do governo Beto Richa foi derrotado. Mas, em assembleia geral no fim de abril, ele acabou aprovado.
Justificativa
Em e-mail à reportagem, a Copel informou que “a troca no comando de sua Diretoria de Finanças e Relações com Investidores decorre de decisão administrativa da própria empresa, que passou por mudanças na Diretoria Executiva, incluindo a troca na própria presidência”.
Na mesma semana, informações sobre uma possível demissão de Sebastiani causaram “perplexidade” entre outros conselheiros. “Nos últimos seis meses, pudemos testemunhar, como membros do Conselho da Copel, o excelente trabalho de Luiz Eduardo Sebastiani na diretoria financeira da companhia. Por isso, foi com desalento e perplexidade que tomamos conhecimento da sua iminente demissão”, registraram em ata os conselheiros Sandra Guerra e Sergio Weguelin.
Sandra e Weguelin relataram ter presenciado a discussão sobre a divisão de dividendos e pontuaram: “Se, por algum motivo, estiver associada a esse episódio, a demissão de Luiz Eduardo Sebastiani se constitui numa afronta às melhores práticas de governança da empresa”, anotaram em ata de assembleia de 27 de abril. Na ocasião, Mauro Ricardo afirmou que “um eventual desligamento de diretores da Copel jamais teria associação com a ocorrência de debates”. Sandra rebateu, afirmando que é responsabilidade do Conselho de Administração discutir previamente qualquer substituição na Copel. A resposta de Mauro Ricardo, registrada em ata, foi: “O governo do Paraná tem pleno conhecimento do estatuto vigente da Copel”.
No começo do mês, o governador Beto Richa havia declarado que a mudança fazia parte de outras mudanças nas estatais e no secretariado. Em março, o engenheiro Antonio Sérgio de Souza Guetter assumiu a presidência da Copel, substituindo Luiz Fernando Vianna, que foi nomeado pelo presidente Michel Temer (PMDB) para comandar a Itaipu.
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