Alvejado pelo vazamento da delação da Operação Quadro Negro e pela divulgação de novos áudios envolvendo a JBS, o governador Beto Richa (PSDB) segue cumprindo agenda de pré-candidato ao Senado. Desde janeiro, o tucano tem participado de eventos oficiais fora do gabinete num ritmo pouco usual nos dois primeiros anos do atual mandato. Mas, apesar desse trabalho para tentar reverter o desgaste provocado por escândalos e uma série de ajustes fiscais, a dúvida ainda persiste: Richa disputará ou não a eleição de 2018?
Há dez dias, vazou a delação do dono da Construtora Valor, Eduardo Lopes de Souza, na qual ele afirma que recursos desviados de obras em escolas estaduais, investigados pela Operação Quadro Negro, abasteceram a campanha de reeleição de Richa. Já na semana passada, veio a público um áudio em que Ricardo Saud, ex-diretor da JBS, cita parceiros da empresa e lamenta ter que “jogar esses amigos tudo no fogo”. Na sequência, fala do governador do Paraná e menciona repasses em dinheiro ao tucano, também no pleito de 2014.
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Ignorando a crise gerada pelos dois casos – os quais nega com veemência −, Richa teve uma extensa lista de compromissos oficiais, mesmo em meio ao feriado prolongado. Numa busca para se aproximar do maior número possível de prefeitos, anunciou mais de R$ 3 milhões para 24 prefeituras investirem na área da saúde e outros R$ 22 milhões para infraestrutura de 79 cidades. Também entregou materiais esportivos para Apaes; aderiu a uma ação de motociclistas em favor do Hospital Erasto Gaertner; participou do Desfile de 7 de Setembro em Curitiba; e entregou obras de esgoto no litoral.
A estratégia vem sendo adotada desde o início deste ano, não só em resposta à série de escândalos que permeia o governo, mas também para virar a página do ajuste fiscal, que, com medidas amargas, jogou a popularidade do governador a níveis baixíssimos desde a reeleição dele.
Dúvida persiste
Apesar dessa tentativa de retomada da popularidade, nem os aliados mais próximos se arriscam em cravar se Richa renunciará ao governo no final de março do ano que vem para ser candidato ao Senado. Segundo eles, nem o próprio tucano sabe o que fazer. “Essa indefinição vai continuar até o último dia”, resume um deputado estadual aliado.
Hoje, Richa tenderia a cumprir todo o mandato por uma lista de motivos: em dúvida sobre o desempenho nas dez maiores cidades do estado, ele contaria com o apoio de pelo menos outros 370 prefeitos para ser o “grande comandante” do pleito de 2018 e, assim, eleger o sucessor; há o risco de deixar o governo nas mãos da vice Cida Borghetti (PP), da qual não é tão próximo, e ver tudo ser mudado no Palácio Iguaçu; e, a partir de 2019, poderia assumir uma cadeira de ministro de Estado numa eventual Presidência de PSDB ou DEM.
Por outro lado, pesam a necessidade de se eleger senador para fortalecer o projeto nacional tucano e, sobretudo, as possíveis candidaturas do filho Marcello e do irmão Pepe, respectivamente, a deputado estadual e federal – se ele não renunciar, ambos ficam impedidos de concorrer pela legislação eleitoral.
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