O governador Beto Richa (PSDB) negou nesta segunda-feira (4) as acusações feitas pelo dono da construtora Valor, Eduardo Lopes de Souza, de que os recursos desviados de obras de escolas no Paraná teriam sido usados para abastecer suas campanhas políticas.
Em uma entrevista coletiva, o governador chamou Souza de “criminoso contumaz” e afirmou que vai mover um processo judicial contra o delator. “Nunca estive com ele, nunca pedi nada para ele, nunca autorizei ninguém que pedisse alguma coisa para ele”, afirmou o governador
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Richa negou todas as acusações feitas por Souza contra ele e também contra integrantes de seu governo. Para o governador, a delação é uma “narrativa fantasiosa”, já que o delator até agora não apresentou provas que sustentem as acusações. “Não trabalhamos com caixa 2”, defendeu-se o governador.
“Ele inventou uma historinha, uma narrativa envolvendo políticos do estado e o governador, que sou eu, para conseguir a liberdade. E conseguiu. Nesse primeiro momento ele se deu bem”, afirmou.
Ao lado da esposa, Fernanda Richa, o governador afirmou que vai responder judicialmente às acusações. “Ninguém vai mexer com a honra da minha família impunemente. Vou cobrar na Justiça os meus detratores”, afirmou. Na delação, o dono da construtora Valor afirmou que o dinheiro também beneficiaria a campanha do irmão do governador, Pepe Richa, e do filho, Marcello Richa.
Beto Richa ainda destacou a atuação de seu governo na apuração dos desvios de recursos no âmbito da Quadro Negro. Segundo ele, logo que seu gabinete foi informado de suspeitas de superfaturamento nas obras de um muro em uma escola estadual, determinou à Secretaria de Educação que fizesse uma sindicância para apurar o caso. Como foi constatado que os desvios eram maiores que o estimado inicialmente, o caso foi encaminhado para a Polícia Civil. O governador destacou que todos os envolvidos nos desvios foram exonerados de seu governo.
Sobre os aditivos referentes às obras sob responsabilidade da Valor, o governador afirmou que “não precisa de mais de dois neurônios” para entender que o cargo pressupõe uma grande quantidade de assinaturas de aditivos de obras. “Eu sou a 12.ª pessoa a aprovar esses aditivos. Passa pelos fiscais do órgão responsável, pelo engenheiro, pelo diretor, pelo superintendente, vem para a Casa Civil, passa pelo mesmo circuito e aí vem para eu assinar. A não ser que você esteja sugerindo que eu coloque uma trena embaixo do braço e vá medir as milhares de obras do estado do Paraná”, afirmou.
O governador também rebateu a informação de que teria orientado os envolvidos no suposto esquema a eliminarem provas que pudessem incriminá-lo depois de ter acesso à informação de que a Polícia Civil estaria investigando o caso.
“Isso já foi provado que é uma mentira, na medida em que apreenderam no celular, no notebook do iPad do Fanini fotos minhas com ele em uma viagem ao exterior”.
Richa voltou a admitir que era amigo pessoal de Maurício Fanini, mas disse que não teve mais contato com o ex-servidor, apontado pelo delator como sendo o operador do esquema.
Sobre as eleições de 2018, afirmou que não pensa no assunto no momento.
Críticas à imprensa
Em seu pronunciamento o governador criticou a atuação da imprensa no caso. Segundo ele, os órgãos de imprensa estão fazendo “maldades” e “prejulgamentos”.
“Vocês não podem transformar um criminoso, que assaltou os cofres do estado, em herói só porque ele entregou o governador do estado em uma mentira, uma acusação falsa que ele fez”, disse.
O que diz o delator
Souza disse que chegou a haver uma reunião na casa do governador, entre Richa e o então diretor da Superintendência de Desenvolvimento Educacional (Sude) Maurício Fanini, para discutir repasses a serem feitos via caixa dois. O encontro teria ocorrido a 45 dias da eleição de 2014.
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De acordo com Souza, Fanini esperava levantar R$ 32 milhões, por meio do esquema, e que com esse dinheiro já seria possível “fazer a campanha” de Richa.
Para vencer as licitações, o empresário disse ter sido orientado a apresentar propostas com “descontos agressivos”. Posteriormente, os contratos com a Valor receberam sete aditivos, que somaram R$ 6 milhões. Por meio desses acréscimos é que os dois esperavam chegar aos R$ 32 milhões.
Não homologada
Eduardo Lopes de Souza é um dos denunciados no principal processo derivado da Quadro Negro e estava em prisão domiciliar até o mês passado, quando foi liberado pela Justiça para se mudar para Cuiabá, no Mato Grosso.
A delação não foi homologada pela Justiça.
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