Beto Richa reagiu a desabafo de delegado apresentando dados sobre investimentos.| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

O estopim foi a rajada de tiros num ônibus da Caravana de Lula, que passava por Laranjeiras do Sul, na terça-feira (27). A ocorrência, que precisa de investigação, desencadeou um debate sobre a estrutura da Polícia Civil do Paraná. Ao ser cobrado sobre a demora para realizar a perícia e começar a apuração do caso, o delegado Wilkinson Fabiano Oliveira de Arruda desabafou, afirmando que as condições de trabalho são precárias e que o sistema está sucateado.

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O governador Beto Richa reagiu e, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo , chamou o delegado de mentiroso e rechaçou a ideia de que a estrutura está deficitária. Mas os números apresentados por Arruda procedem. Ele disse que o Paraná tem menos delegados do que Santa Catarina. Enquanto aqui são 416, os vizinhos contam com 461. As informações foram checadas pela reportagem em contato com autoridades de Santa Catarina. A população paranaense é quase o dobro da catarinense (11 milhões contra 6 milhões, respectivamente). O número de cidades do estado vizinho também é bem menor – são 295 contra 399 em território paranaense.

No caso dos escrivães, um levantamento de maio do ano passado mostra que o efetivo está reduzido à metade no Paraná.

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No início do primeiro mandato, Beto Richa prometeu nomear 400 delegados. A medida seria uma resposta para diminuir o déficit histórico, que faz muitas cidades do Paraná não contarem com um profissional capaz de presidir investigações. Passados seis anos do compromisso, ainda há mais de 250 cidades sem delegado titular. Um recente material de divulgação do próprio governo apontou que 159 profissionais foram nomeados na gestão – representando 40% do efetivo.

A pressão das entidades de classe, como a associação e o sindicato da categoria, é para a nomeação de 150 delegados aprovados em um concurso público que vence em abril. Alegam ainda que há 360 vagas em aberto, criadas por lei. Um levantamento da Secretaria Estadual de Segurança Pública aponta que há 4,2 mil funcionários, distribuídos nas cinco principais funções dentro da Polícia Civil (que incluem escrivães e investigadores), e 3 mil vagas não estão preenchidas.

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