Rodrigo Santos da Rocha Loures, um dos assessores de confiança do presidente Michel Temer, é o “homem da mala” no noticiário nacional. Foi preso neste sábado (3), pela Polícia Federal. Na prática, ele é muito mais que isso.
O poder e a influência de “Rodriguinho” (porque “Rodrigo” é o pai) não se resume aos negócios da família, nos quais se destaca a Nutrimental — fábrica das barras de cerais Nutry, dona de um quarto desse setor no Brasil.
A árvore genealógica da família Rocha Loures tem ramos importantes ligados à história do Paraná.
Rocha Loures é descendente de Matheus Leme, um dos fundadores de Curitiba, por parte de pai. A avó de Rodriguinho era neta de Joaquim de Almeida Faria Sobrinho, o Presidente Faria, e descendente de Lourenço Pinto de Sá Ribas — e não é por acaso que todos eles são também nomes de rua na capital e em outras cidades do estado.
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Um artigo escrito pelos professores Ana Crhistina Vanali e Katiano Miguel Cruz, publicado pela revista do Núcleo de Estudos Paranaenses (NEP), da UFPR, analisa a importância da família Rocha Loures na economia e na política do Paraná. No percurso, usando genealogias realizadas por cinco pesquisadores diferentes, esclarece ligações impressionantes entre as figuras que detinham o poder séculos atrás e que ainda hoje mandam no estado.
Uma reportagem do jornal Valor Econômico sobre o assunto usa um termo para se referir a essa elite paranaense histórica: “trezentões” (porque a história do estado remete ao século 17). Assim como São Paulo tem os seus quatrocentões. Nessa lógica, Rocha Loures é um trezentão.
O artigo da revista NEP usa a expressão old money, ou “dinheiro antigo”. Segundo os autores, a família Rocha Loures é “exemplo de uma riqueza herdada de famílias de classe alta já estabelecidas, seus membros são pessoas pertencentes a uma família ou linhagem possuidora de riqueza herdada. Esse termo geralmente descreve uma classe de ricos que têm sido capazes de manter sua riqueza ao longo de várias gerações”.
Como eles fazem isso? Aliando poder econômico ao poder político.
“Numa das redes mais fortes de poder político e parentesco, os Rocha Loures mantêm-se até os dias atuais no poder”, escrevem os autores do artigo. “Sucesso esse garantido pela junção do poder econômico com as relações sociais com figuras da mais alta elite política tradicional do Paraná. O trânsito da família Rocha Loures pelas elites e suas relações políticas, de parentesco e de poderio econômico faz com que a família garanta a colocação de parentes e correligionários em cargos estratégicos.”